Assessoria de Imprensa em São Luís: Como destruir a imagem de um órgão e enlouquecer a vida do repórter



Vida de repórter não é fácil e não estou falando do sol e lama que vez ou outra encaramos para voltar para a redação com uma matéria bem apurada. Lidar com as assessorias de imprensa tem sido cada vez mais difícil. Na era da tecnologia, da velocidade de troca de informação, da comunicação por mil e um meios, conseguir uma resposta de uma assessoria tem sido uma verdadeira saga.
Assessoria de órgão público é, especialmente, a oitava maravilha do mundo. Algumas quando não mandam as clássicas respostas “enviaremos uma equipe ao local” ou “a demanda já está incluída no cronograma de ações”, nem sequer encaminham um retorno. Quantas vezes você aí repórter não esperou junto com o Papai Noel a resposta daquela assessoria?
E vocês aí? Pensam que o problema é só esse? Meus caros, sentem aí que a história vai começar. Além das respostas prontas ou das fantasmas, muitos assessores além de formados em faculdades de Jornalismo, também são pós-graduados em Grosseria Social. Esbanjam indelicadezas, rispidez e, para ser bem popularesca, “cavalices” ou, se preferirem, “coices” que deixam teu olho roxo durante semanas.
Se você tem que estar na redação às 8h e depois às 14h, com  alguns assessores é diferente. Eles são as estrelas, mais importantes que Obama, mais famosos que Madonna. Muitos chegam às 10h,  saem às 11h30, tem almoços homéricos e voltam – se voltarem – depois das 15h30. Se você estiver com pressa, já era. Querido, se conforme com as suas rugas.
Se a sua intenção é conseguir uma entrevista com o assessorado, é melhor começar a rezar. É mais fácil ressuscitar Chico Xavier e fazê-lo psicografar uma mensagem do prefeito da cidade que um assessor articular o meio de campo.
Se você está precisando de dados, números, levantamentos. Rá! Nem Deus é capaz de convencer alguns assessores a te auxiliar. Os queridos não entenderam que o lance não é reter a informação, é saber articular o assessorado para lidar com a imprensa e usar os dados da melhor forma, debatê-los, justificá-los.
Quando o negócio é divulgação de show, se prepare, meu amigo, pois os assessores das bandas de cá parecem ter medo das “estrelas”. As protegem como se fosse uma bonequinha de cristal, não te deixam chegar perto e nem respirar o mesmo ar que elas. Entrevista? Você é louco? Jamais!
E as desculpas? Os assessorados estão em eternas reuniões. Se eles se reunissem tanto para resolver os problemas de São Luís, por exemplo, acho que a cidade seria mais a desenvolvida do país. Preciso falar das viagens? São tantas que daria para dar a volta ao mundo umas 50 vezes.
Se você foi guerreiro e encheu tanto o saco para finalmente conseguir uma entrevista, prepare-se para mais uma etapa de caminho rumo ao inferno. Alguns assessores querem te privar de fazer determinadas perguntas sobre determinados assuntos porque “disso ele não vai falar”. Quando não é isso, pedem que você encaminhe as perguntas antes para saber se o digníssimo terá humor para responder.
No final de tudo, se você com ajuda divina conseguiu tudo o que queria para fazer sua matéria, no dia seguinte ligam para a redação, falam com você, seu chefe e também com o papa para dizer que o que você escreveu não foi dito ou repassado ou dizem que o repórter não procurou “saber o outro lado”.
Acham que tudo isso é fantasia? Darei um exemplo de algo que me aconteceu hoje. Não tive o (des)prazer de encarar todas essas situações, mas serve de parâmetro para mostrar como a coisa não tem andado por aqui.

Segue abaixo a minha rotina de hoje:

9h Recebi uma pauta. Bronca com uma empresa contratada pela Prefeitura

9h05 Saio da redação para checar as informações. Percorro quatro lugares para apurar a matéria com os envolvidos

11h10 Estou de volta à redação

11h15 Ligo para a assessoria central da Prefeitura. Eles me dão o telefone da assessoria da Secretaria de Trânsito e Transportes (SMTT), que é a responsável pelo assunto tratado na reportagem

11h19 Mando um e-mail para a SMTT solicitando informações e posicionamento do órgão

11h25 Ligo para a assessoria para checar se o e-mail chegou. Recebo confirmação

14h05 Ligo para a assessoria para cobrar a resposta. Ninguém atende

14h17 Ligo para a assessoria para cobrar a resposta. Ninguém atende

14h26 Ligo para a assessoria para cobrar a resposta. Ninguém atende

14h34: Tento contato direto com a chefe da assessoria da SMTT. Ela não atende o celular

14h51 Ligo para a assessoria para cobrar a resposta. Ninguém atende

15h10 Consigo contato. A chefe da assessoria não está e não há quem responda, senão ela

17h01 Consigo contato. A chefe da assessoria continua sem estar no ambiente de trabalho e sou informada que as informações que eu solicitei não poderiam ser dadas porque o setor responsável pelo assunto tratado não funciona na sexta-feira a tarde

17h05 Comunico a editora do caderno que a resposta da Prefeitura não poderá ser dada

17h10 Página fechada

18h Vou embora


Viu, meus queridos? A vida não é fácil para estes pobres operários da informação. Devo salientar, porém, que nem todos os profissionais daqui sofrem dessa dificuldade de saber qual o real papel desse bicho chamado Assessoria de Imprensa. Alguns são ótimos, prestativos, educados, criativos e te ajudam no que você precisa e até não precisa. Estes inteligentes movem céus e terra para que tudo saia da melhor forma.
Aos que não detém dessas qualidades, devo lhe dar uma pequena luz: Ow querido, você não está só destruindo a própria imagem como pessoa e profissional. Você está levando para o buraco o nome do seu assessorado, empresa, órgão, entidade. Amigos, não custa nada ler um manual básico para aprender a ser no mínimo tratável. Além disso, ser mal visto pela imprensa não é lá muito recomendável, né?
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Thamirys D'Eça 

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Funerária vende caixões temáticos e vira atração local


Caixões do Vasco e Corinthians. Foto: Douglas Júnior

Além das ruínas, casarões antigos, praias e manifestações culturais como a Festa do Divino Espírito Santo e a de São Benedito, a Funerária Pinheirense virou atração no município de Alcântara. O motivo é que o proprietário, Gerson Costa, conhecido por Zé do Caixão, resolveu vender caixões temáticos. O assunto escolhido são times de futebol. Nos pacotes oferecidos pela loja estão também “choradores” – pessoas contratadas para chorar durante velórios e enterros – e banda para tocar os hinos das seleções esportivas e músicas em geral.
Antes mesmo de entrar na funerária, a frase “seja sócio” desperta o interesse de moradores e turistas. A maioria acha o convite cômico. “Eu mesmo não quero ser sócio não. Deus me livre. Não quero morrer tão cedo e nem nunca trabalhar com nada relacionado à morte”, disse entre risos Luís Silva, que mora próximo ao local.
Na porta da funerária, um vendedor de caixões muito espirituoso que usa óculos escuros, chapéu de palha, camiseta colorida, bermuda e está sempre sorrindo. Gerson Costa, ou Zé do Caixão, como é chamado no município, além de proprietário, é o responsável por receber os compradores e apresentar os pacotes de venda.

Zé do Caixão aguardando compradores. Foto: Douglas Júnior
Além do Zé do Caixão, que por si só é uma atração à parte, entre os caixões amadeirados, envernizados, dourados e prateados, estão os itens que mais chamam a atenção de quem passa pela Rua Direita, Centro dea cidade, onde está situada a funerária. São os caixões com emblemas de times de futebol.
Durante minha passagem pelo lugar, estavam expostos caixões das seleções Vasco e Corinthians. “Tínhamos um do Flamengo também, mas morreu um torcedor e compraram o caixão para ele, mas já fiz pedido de outro”, explicou Zé do Caixão.
Além do Flamengo, Zé do Caixão disse que pretende encomendar de uma fábrica de caixões em São Paulo - de onde também são trazidos os comuns – também nos temas dos times Fluminense, Sport, Internacional e até dos maranhenses Sampaio Corrêa e Moto Club.
Para o falecido obter o caixão personalizado, porém, terá de pagar mais caro. Cada um, independente do time, custa R$1.800. Apesar do valor, ele afirma que já recebeu pedido de reserva. “Quando a pessoa é muito torcedora, a família quer homenagear, mas para garantir isso, antes mesmo de morrer tem gente que vem aqui fazer a reserva. Tem um fanático pelo Vasco que já reservou o seu”, disse.
O torcedor vascaíno é Fábio Luís Lemos. “Sou Vasco desde pequeninho. Nasci torcendo e vou morrer torcendo e, para isso, só mesmo sendo enterrado com um caixão do time do coração. Acho uma idéia maluca, mas muito legal”, explicou de maneira bem-humorada.
A idéia de vender caixões com emblemas de times de futebol surgiu desde o início do ano, apesar da Funerária Pinheirense existir há 15 anos. “Meu pai era o dono e comecei a trabalhar nela desde cedo. A funerária funcionava em Pinheiro, mas depois que ele morreu me mudei para Alcântara”, relatou Zé do Caixão.
Segundo ele desde que adotou a venda dos caixões com temas futebolísticos, as vendas aumentaram, assim como as visitas na funerária. “Muitos turistas vêm aqui e quando passam e olham, tiram foto, se divertem, apesar de ser algo relacionado à morte. Virou uma atração de Alcântara”, considerou.
Não é só apenas os caixões de times que transformam a Funerária Pinheirense em um local peculiar. Nos pacotes de venda, os compradores podem optar também por “choradores”. “Tem gente que não tem muitos amigos e nem muitos familiares, então, tem gente que contrata ‘choradores’. Aqui temos dois, que são o Berfú e a Fátima. Eles recebem R$70,00 para chorar no velório e enterro do defunto”, revelou Zé do Caixão.
Há quem opte também por banda musical, para “animar” a despedida de quem morreu. Se o falecido estiver sendo enterrado num dos caixões de time, por exemplo, é tocado o hino da seleção de futebol escolhida. “Tem gente que pede forró, reggae ou músicas fúnebres. Alguns aproveitam o momento para dançar com a viúva, se ela for bonita”, contou entre risos. 
Bem familiarizado com temas relacionados à morte, Zé do Caixão afirma que pretende seguir com o seu negócio. “Não tenho problema com morte, nem com defunto. Faz parte. Eu, por exemplo, morei três anos aqui na funerária, quando ainda não tinha condições de ter outro lugar para ficar. Vou continuar me sustentando com a venda de caixões”, assegurou.

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Thamirys D'Eça

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