Por não ter pai

Tenho pensado muito no meu pai estes últimos dias, apesar de não lembrar absolutamente nada da sua feição, o seu timbre de voz ou seus gostos musicais. Sei pouco dele e o que sei nem sempre são boas histórias. Por vezes até esqueço como se escreve seu nome. Se Luiz com S ou com Z no final.
Poucas fotos suas tenho no meu álbum e nenhuma lembrança dele tem em minha memória. Nem mesmo me sinto confortável em dizer “o meu pai”. Sinto-me estranha em pronunciar, afinal, nunca o chamei assim e nunca terei esta oportunidade. Não o sinto como “o meu pai” porque ele esteve distante desta que vos escreve desde muito cedo.
Quando apenas com um ano de idade meu pai se foi, minha memória dali nunca mais conseguiria guardar nada dele ou nutriria qualquer sentimento muito forte, real, contundente, inabalável. Dei-me conta estes dias que nem mesmo sei onde ele está enterrado. Não sei sequer qual foi a data da sua morte.
A única história que sei do senhor Luiz Carlos Júnior é do acidente que lhe tirou a vida. Sei que trafegava em uma BR e, em um sentido contrário, outro carro com farol alto lhe tirou a visão e fez com que perdesse o controle do automóvel, fazendo-o capotar seguidas vezes e morrer logo depois. Sei ainda alguns detalhes de sua vida, mas muito poucos. Muito, muito poucos. Mamãe não se presta muito à falar dele.
O fato é que meu pai se foi e nunca hei de voltar. Nunca poderei conhecê-lo, tocar seus cabelos impecavelmente lisos que herdei – mas que estraguei no decorrer dos anos –, perguntar como foi o seu dia, pedir um conselho, ouvir uma reclamação ou um elogio por eu ser uma filha dedicada aos estudos e esforçada em todos os outros campos desta quase nunca pacata vida. Seus olhos puxados nunca poderei comparar aos meus.
Orgulho-me por, apesar disso, nunca ter tido inveja das outras crianças quando agosto chegava e as escolas promoviam festinhas ao nosso gerador masculino. Nas comemorações eu ficava só, mas não me sentia mal por isso, apesar da compreensível incompreensão ocasionada pela pouca idade. Também não me constrangia elaborar presentinhos no colégio mesmo sabendo que não o entregaria ao meu pai. Nunca pude e nem poderei fazer isso.
Nestes últimos dias, porém, me arrombou um lamento por nunca poder dizer que “aprendi isso com meu pai”, “meu pai me ensinou isso” ou “eu fiz isso com meu pai”, como sempre ouço dos que me acompanham. Tudo que fiz, sei e me tornei aprendi com minha mãe e sua família. Pode parecer estranho, mas nunca havia sentido falta de ter pai.

_______________
Thamirys D'Eça

Read Comments

Não diga não ao panda!

É como dizem: A propaganda é a alma do negócio. E é mesmo. Os empresários que pensam o contrário estão em sério risco de cair no ostracismo. Para se ter uma idéia, até Hittler  se utilizou desse meio na Alemanha nazista e os Estados Unidos e a União Soviética em tempos de Guerra Fria.
Sem dúvida, alguns segundos de uma mera campanha publicitária pode conquistar milhões de fiéis seguidores, admiradores e, sobretudo, consumidores. Qualquer equívoco, porém, o efeito pode ser aplicado de maneira contrária, afugentando a adesão pública.
Abaixo seguem quatro vídeos de um comercial que está fazendo sucesso na Grécia, o PANDA FUNNY ADS. A proposta é a seguinte: Se você disser NÃO ao produto, pode provocar a fúria de um panda muito fofinho. Cada vez que isso acontece, o animal vai ao encontro da infeliz pessoa e faz o maior estrago.
Conheci o vídeos em postagem feita no blog da minha amiga Aline Alencar. Quando os vi, admito, chorei de tanto rir e dei replay repetidas vezes. Era quase início de madrugada quando acordei a casa inteira aos berros. Com isso, fiz o grande favor de confirmar o que a família já cogitava: Thamirys não é normal.

Abaixo, seguem os vídeos. Um se passa no supermercado, outro num hospital, outro num escritório e por último um na cozinha. Reparem na música de fundo, que cria todo um clima para cada episódio.

A pergunta é: Quem iria querer provocar a ira de uma criaturinha tão adorável?










_______________
Thamirys D'Eça

Read Comments

Não é tão amado assim

“O Bem Amado” não é o tipo de filme que ficará “para sempre nos anais e menstruais da história”, como já diria Odorico Paraguaçu (Marco Nanini), personagem principal do roteiro de Dias Gomes – exibido como telenovela em 1973 - e adaptado para o cinema por Guel Arraes. O longa-metragem se assemelha a outras obras do mesmo diretor, tornado-se mais uma comédia nordestina, mas com um agravante: não aposta na envergadura interpretativa do espectador.
O filme é rodado na década de 60 - na época, era travada no país uma crise política no governo de Jânio Quadros - no município de Sucupira, no interior da Bahia. Iniciada campanha política, Odorico Paraguaçu ganha a dianteira ao prometer a construção de um cemitério no lugar. Essa sem dúvida é a parte do enredo mais cativante. O jingle da propaganda política - gravada por Thalma de Oliveira - promovida por Odorico é deliciosamente engraçada:

“O bem amado, o grande líder, ele é o salvador. O povo não esquece, o povo tem memória, ainda bem que ele voltou. O patrão, o empregado, o analfabeto, o doutor. Seja macho ou seja fêmea, seja o bicho que for. Quem vê o lado pobre não esquece do rico. É Odorico. Ladrão, covarde, tudo isso é mexerico. É o Odorico. O bem amado, o grande líder, ele é o salvador. O povo não esquece, o povo tem memória, ainda bem que ele voltou. O patrão, o empregado, o analfabeto, o doutor. Seja macho ou seja fêmea, seja o bicho que for. Quem ainda não nasceu ou quem já ressuscitou. Todo mundo pede bis ele voltou. Se é pro bem de todos diga ao povo que fico. Eu fico com o Odorico. Odorico”.

Eleito, é iniciada a construção do cemitério, que ocasiona várias despesas ao cofres públicos. Construído com muito custo e a base de desvio de dinheiro, Odorico se vê em um impasse. Ninguém na cidade morre para que o cemitério seja inaugurado. Dessa forma, a imprensa de Sucupira, que é de oposição ao governo municipal, estimula a população a se revoltar contra o prefeito.
Desesperado, Odorico contrata um matador, o Zeca Diabo (José Wilker), que apesar de não ser colocado em primeiro plano na história, rouba a cena. Ele já havia praticado outros crimes na cidade, inclusive contra o antigo prefeito. A ação de nada adianta. Ele conta ainda com o apoio de Dirceu Borboleta (Matheus Nachtergaele) e das três irmãs Cajazeiras (Zezé Polessa, Andréa Beltrão, Drica Moraes).
Com a popularidade em baixa, Odorico procura inúmeros meios de se reerguer. Nesse momento, assim como desde o começo do filme, ele se utiliza de discursos regados a "neologismos" que são um dos pontos altos da história:

“Povo sucupirano! Agoramente já investido no cargo de Prefeito, aqui estou para receber a confirmação, ratificação, a autentificação e por que não dizer a sagração do povo que me elegeu. Eu prometi que meu primeiro ato como prefeito seria ordenar a construção do cemitério. Botando de lado os entretantos e partindo pros finalmentes, é uma alegria poder anunciar que prafentemente vocês já poderão morrer descansados, tranqüilos e desconstrangidos, na certeza de que vão ser sepultados aqui mesmo, nesta terra morna e cheirosa de Sucupira. E quem votou em mim, basta dizer isso ao padre na hora da extrema-unção, que tem enterro e cova de graça, conforme o prometido”.

Afora o jingle político e os discursos divertidos, O Bem Amado não surpreende. É mais uma comédia nordestina com os mesmos ingredientes de sempre, incluindo a mocinha filha do manda-chuva da cidade que se apaixona pelo rebelde. No caso, a história é entre Violeta (Maria Flor), filha de Odorico, e Neco (Caio Blat), jornalista do A Trombeta. A paixão entre os dois lembra Lisbela e o Prisioneiro e O Auto da Compadecida, filmes também dirigidos por Guel Arraes.
Em exibição nos cinemas desde o dia 23 do mês passado, em um ano eleitoral, o filme abusa no teor político, chegando a ser maçante a intenção de fazer comparações ao Brasil atual. Depois de todo o enredo apresentar essa proposta, no final ainda é mostrado um globo onde a localização brasileira é apontada como Sucupira, mostrando mais uma vez o seu objetivo. A atitude, porém, mostra a falta de aposta na inteligência do espectador, que mesmo depois de passar 107 minutos acompanhando a história, supostamente ainda não haveria entendido a crítica social.


O Bem Amado, 2010
Gênero: Comédia
Duração: 107 minutos
Origem: Brasil
Estréia: Brasil – 23 de julho de 2010
Estúdio: Disney Buena Vista
Direção: Guel Arraes
Roteiro: Cláudio Paiva e Guel Arraes, baseado na obra de Dias Gomes
Produção: Paula Lavigne
Galeria de fotos:


_______________
Thamirys D'Eça

Read Comments

Espírito de brilho definido



Estava no meio do salão, de vestido longo roxo. Cabelos levemente presos, suados. A noite já tinha sido deveras longa. Tinha bebido razoavelmente. Um pouco de vinho, um tanto de cerveja e pequenas porções de tira-gosto ao lado. Estava animada e tomada por uma vontade incontrolável de dançar. Luzes coloridas e frenéticas entre paredes escuras iluminavam o recinto.
Somente eu e a aparelhagem de som. Do outro lado, uma platéia considerável a me observar, a conversar, a bocejar, a se despedir, a chegar. Depois de um passeio por vários ritmos, começa uma seleção musical de sambas. Danço todos eles sem pestanejar.
Não era qualquer samba que eu estava ali a me dedicar com o que ainda me restava de fôlego, já nos idos do final da noite. Era Clara Nunes. Foi a primeira vez que me pus a dançar ao som da voz firme e charmosa da mineira. A conhecia, a ouvia, mas dançar eu nunca tinha me dado oportunidade.
Primeiro, trechos de “Ê baiana”: Baiana boa/Gosta do samba/Gosta da roda/E diz que é bamba/Baiana boa/Gosta do samba/Gosta da roda/E diz que é bamba. Depois, “Aruandê...Aruandá”: Minha gente abre a roda/Eu acabo de chegar/Trago coisas da Bahia/Nas canções que vou cantar/Aruandê...Aruandá/Eu vim da Bahia pra cantar.
Depois de dançar essas duas primeiras músicas, algo estranho estava por se instalar. O fôlego que estava pouco se recuperou rapidamente para o clímax da noite, quando se pôs a ecoar os versos de “O Mar Serenou”: O mar serenou quando ela pisou na areia/Quem samba na beira do mar é sereia/O pescador não tem medo/É segredo se volta ou se fica no fundo do mar/Ao ver a morena bonita sambando/Se explica que não vai pescar/Deixa o mar serenar. Em seguida, “Canto das Três Raças”: Esse canto que devia/Ser um canto de alegria/Soa apenas/Como um soluçar de dor.
Estive ali e me senti preenchida. Dancei como se fosse a coisa mais importante que poderia fazer naquele dia, naquele local, naquela hora. Dancei como se alguém me mandasse fazê-lo. Rodei o vestido, rebolei, os pés estavam compassados como se eu soubesse o que fazer e a forma para que fosse singular. Às vezes, levantava levemente os braços como se algo estivesse por me chamar, acompanhar. Segurei o vestido, o levantei, deixando em um cumprimento acima dos joelhos. Fiz isso com as mãos na cintura.
Enquanto estava acolá, numa dessas, um tio disse para quem estava próximo: “Thamirys tem o corpo aberto”. Após a festa, quando já grande parte dos convidados havia ido embora, eu ficara ali. Só, alegre, satisfeita com a noite, tomada por um sentimento indescritível. Saí dali, fui em direção à mesa, quando outro tio disse: “Beto disse que você tem o corpo aberto”. Ao ouvir isso, fiquei ali estática, analisando a consideração.
Depois de poucos minutos pensando sobre, aquilo me amedrontou. Depois de um pouco mais de tempo, o medo foi passando e fui começando a concordar com a breve frase. Aquietei-me, afinal, aquilo poderia mesmo ser verdade, mas não havia constatação porque havia sido só uma vez.
Em outra ocasião, outra data, mesmo local, mesmo horário, me peguei em momento semelhante. Sentada, ouço meu tio aos berros a me chamar. Fui em direção onde ele estava fazendo a discotecagem da festa. Quando estou no meio do caminho, ele completa o grito: “Thamirys, essa é especial para você”.
Não custou adivinhar o que era. Novamente, Clara Nunes. Fui ao salão, num silêncio quase ritmado, dei um sorriso para ele e lá estava eu e ela novamente. A cena se repetiu.
No decorrer do tempo, a situação foi se expandindo. Senti algo semelhante certa vez ao ouvir “Canto de Ossanha”: Amigo sinhô/Saravá/Xangô me mandou lhe dizer/Se é canto de Ossanha/Não vá/Que muito vai se arrepender/Pergunte pr'o seu Orixá/O amor só é bom se doer. Nunca dancei essa, afinal, o ritmo é bem lento, mas o sentimento é muito parecido.
Há alguns meses, descobri outra cantora que me faz correr à plenitude. É a conterrânea Rita Ribeiro. Seu CD Tecnomacumba é tão carregado de sabor que parece que quando o ouço me sinto saciada.
Ontem, quando estava no carro, ao ouvi-lo já de madrugada, lá veio ela, me chamando. Rita Ribeiro. Dessa vez, fiquei pacata por alguns minutos apenas sentido o que a música tinha a repassar. Comecei a olhar para o lado de fora do veículo. Na paisagem, a Lagoa da Jansen, um dos pontos turísticos de São Luís. Serena, me vi do lado de fora, novamente rodando o longo vestido que estava. Algo me disse para fazê-lo, mas não fiz.
No intuito de explicar e saciar minha curiosidade de saber o significado desses momentos, disseram-me recentemente: "Significa que você tem um espírito bem aberto e sensível ao sagrado por meio da música". Agora, estou aqui, esperando um “tempo de modo que o meu espírito ganhe um brilho definido”.

_______________
Thamirys D'Eça

Read Comments

Entre no meu sonho, se conseguir

Já dizia o psicanalista austríaco Sigmund Freud em sua obra-prima “A Interpretação dos Sonhos” - publicada em 1899, mas datada de 1900 -, “o sonho é a estrada real que conduz ao inconsciente”. Apesar de vários estudos terem sido feitos na área – com destaques para o próprio Freud e para o suíço Carl Gustav Jung -, a atmosfera ainda cheira ao obscuro, ao inesperado.
Em meio aos poços herméticos que traspassaram décadas infindáveis de estudos psicanalíticos, quando a realidade se atrela ao inconsciente os resultados são imprevisíveis. Visto a intriga real-subconsciente aliado ainda ao bel-prazer - Freud também atribui ao conteúdo dos sonhos como uma “realização de desejos” -, criar um roteiro de um longa metragem que vagueia por todos estes campos é, no mínimo, loucura, não fosse para Christopher Nolan – diretor de “Amnésia”, “Insônia”, “Batman Begins/Cavaleiro das Trevas” e “O Grande Truque” -, em "A Origem".
Não bastasse a trama já ser por si densa e que exige elaboração minuciosa, o filme - que teve sua estréia nos Estados Unidos em 16 de julho e no Brasil na última sexta-feira, dia 6 -  conseguiu reunir atores como Leonardo DiCaprio, Ken Watanabe, Joseph Gordon-Levitt, Marion Cotillard, Ellen Page, Tom Hardy, Cillian Murphy, Tom Berenger e Michael Caine, embalados por um trilha sonora do renomado Hans Zimmer – que possui no currículo filmes como Piratas do Caribe, O Rei Leão, Gladiador e Batman.
O filme lembra Matrix - dirigido pelos irmãos Andy e Larry Wachowski - por apresentar efeitos bem elaborados e por fazer o espectador questionar o que é real. Realidade esta que logo no início do filme é colocada a prova quando Cobb (Leonardo DiCaprio), um ladrão especializado em roubar informações armazenadas no subconsciente das vítimas, tentar aplicar mais um dos seus golpes. Desta vez, no empresário Saito (Ken Watanabe).
O crime, porém, não é bem-sucedido, pois Saito já estava à espera da ação de Cobb e sua equipe. Encurralado, Cobb acaba por se ver obrigado a aceitar a proposta do empresário de contrariar a sua prática de roubos e, agora, teria de fazer o contrário: introduzir informações. O alvo é Robert Fischer Jr. (Cillian Murphy), herdeiro de uma fortuna incalculável erguida pela empresa do pai.
Para conseguir o feito, Cobb e seus acompanhantes mergulham perigosamente em um mundo confuso, onde lembranças e desejos se misturam e se reinventam, deixando os personagens da trama imersos em planos diferentes, mas ligados por um único objetivo: O crime perfeito, que se passa apenas na mente.
Corpo suspensos, sonhos que se arruínam, segredos, um mundo paralelo criado apenas pelo subconsciente e uma possível dependência do ato de sonhar. A única coisa que pode dar errado é Cobb deixar as assombrações da culpa e a saudade da esposa, que morreu após confundir realidade e sonho, lhe desvirtuar do seu desejo de retornar para casa e ir ao encontro dos filhos. Somente um peão irá dizer se ele conseguiu ou não.


Origem, A
Inception, 2010

Genero: Ação - Ficção Científica
Duração: 148min
Origem: EUA
Estréia: EUA - 16 de julho de 2010
Estréia: Brasil - 6 de agosto de 2010
Estúdio: Warner Bros.
Direção: Christopher Nolan
Roteiro: Christopher Nolan
Produção: Christopher Nolan, Emma Thomas 
Galeria de fotos:

_______________
Thamirys D'Eça

Read Comments

Garotas estúpidas, burras e afins


Thamirys D’Eça
Da equipe de O Estado

Deixando os preconceitos e machismos de lado, garotas adoram falar sobre moda, beleza, celebridades, relacionamentos, e, claro, o sexo oposto. Pensando nisso, várias meninas dedicam horas do seu dia para publicar e ler textos relacionados a esse tipo tema em páginas na internet, como o blogger. Quando não tem uma amiga por perto para discutir as futilidades, são esses diários eletrônicos que suprem a necessidade feminina de discutir, fofocar, opinar, se informar e contar experiências.
Entre os batons, perfumes, vestidos da moda e as cores da estação, várias autoras acertaram na dose e fazem grande sucesso entre as internautas. Um exemplo é o da pernambucana de 22 anos e graduada em Design de Moda Camila Coutinho, criadora do http://www.garotasestupidas.com/, que recebe cerca de 30 mil visitas diárias. Sua página foi a única brasileira mencionada pelo site da Vogue Paris, em março deste ano, em um artigo que cita 45 blogs de moda do mundo. A idéia de criar o blog surgiu há 4 anos em uma conversa com algumas amigas. A iniciativa foi tão bem sucedida, que hoje a autora adotou a atividade de postar os textos descolados como sua principal fonte de renda.
Outro exemplo de sucesso entre as mocinhas na internet é http://www.muleburra.com/, que trata sobre relacionamentos. Criado pelas paulistas Danielle Means, de 36 anos, e Ana Márcia Cordeiro, de 29 anos, em 2005, o objetivo da página é contar a aventuras e desventuras, de maneira bem-humorada, que uma mulher tem de passar quando se apaixona e se envolve com um homem. Desde a sua criação, o blog já teve mais de um milhão de visitas.
Contar as histórias das blogueiras de sucesso também é um sucesso, como no caso do http://blogsfemininos.blogspot.com/. Criado pela união das paulistas estudantes Mia Saloon, de 19 anos, Débora Marins, 18 anos, e da mineira Gleice Cores, de 19 anos. Criado em 2008, o blog já teve quase 26 mil acessos. No blog as autoras escolhem páginas bem sucedidas na internet que tratam sobre o universo feminino, publicam entrevistas com as criadoras da página e fazem a divulgação dos endereços escolhidos.
Em São Luís, a moda das blogueiras também tem atraído a atenção de várias meninas. O http://colunas.imirante.com/alessandracastro/, que está no ar desde 2008, e é alimentado pela jornalista Alessandra Castro, de 24 anos, já teve reconhecimento nacional. Em 2008, o seu blog foi eleito pela Revista Capricho como o segundo melhor blog do país. “Foi incrível. Esse reconhecimento me rendeu várias coisas boas, inclusive emprego. Já tive postagens com cento e cinqüenta comentários”, lembra.
Com um caráter mais intimista, a blogueira posta textos sobre o cotidiano de uma mulher da sua idade. Para se aperfeiçoar, ela costuma buscar outros blogs. “Resolvi criar o blog depois que entrei na faculdade de jornalismo. Tinha a necessidade de treinar a escrita. O atualizo pelo menos duas vezes por semana. Não adoto o ‘internetês’. Minha inspiração é o próprio dia-a-dia. Geralmente quem me visita são meninas entre 15 e 25 anos”, afirma.
Criado em 2008, o http://digoporai.blogspot.com/ foi idealizado pela assessora de imprensa Flávia Batista, de 23 anos. Ela recebe uma média de cinqüenta visitas diárias. Seu público cativo está entre as faixas etárias de 18 a 25 anos. “Meu blog trata sobre música, moda, cinema, beleza. Sempre gostei de ler e expressar minha opinião, por isso resolvi criá-lo. As postagens que mais atraem as leitoras são de tutoriais de maquiagem”, relata.
Entre as tecladas, é possível até que amizades sejam estabelecidas entre as blogueiras e os leitores. “Meu blog tem comentários de homens e mulheres. Já fiz amizades com alguns. Falo pelo msn ou mesmo pelo blog. Quando parei de postar, muita gente me pediu para voltar porque gostavam”, explica.
Na página http://meumundodemorango.blogspot.com/ da personal style Paula Guimarães, de 25 anos, humor, beleza, moda, customização e artesanato, filmes, fotografia e culinária são as temáticas das postagens. A página foi criada em 2009 e, apesar de ser recente, já contabiliza mais de 120 mil visitas. “Tenho mania por coisas de morango, então tudo no meu blog é relacionado a morango. Ele tem um estilo feminino e uma abordagem pessoal. O assunto mais procurado é o relacionado a cuidados com o cabelo. O público é de 15 a 35 anos e a grande maioria de leitoras”, conta.
Recheados de informações os blogs femininos atraem milhares de leitoras. A advogada Carla Said, 23 anos, é dessas internautas que não deixa de pesquisar sobre o mundo da mulher. “Meu assunto favorito é são os conflitos entre os homens e mulheres gerados pela sociedade. Sou comentarista assídua, visito blogs sobre mulher diariamente. Gosto das análises e dicas”, justifica.

Outras dicas:
http://ricotanaoderrete.blogspot.com/

http://blogdasteh.blogspot.com/
http://www.garotasmodernas.com/
http://www.blogdamulher.com/
http://www.espacomulher.org/
http://kitbasico.blogspot.com/


Matéria publicada em 6 de agosto de 2010 no jornal O Estado do Maranhão

Read Comments

A morte precoce da Lei da Ficha Limpa

O pontapé inicial foi dado pelo TRE do Maranhão, mas já há decisões em vários tribunais Brasil a fora, colocando na lata de lixo a interpretação dada por legisladores e pelos membros do TSE à Lei da Ficha Limpa.
Concebida e articulada nos movimentos populares de esquerda – e encampada por românticos sonhadores de um Brasil diferente – a Lei da Ficha Limpa chegou cheia de pompa, com ares de responsável por um novo momento do país.
Esqueceram apenas que o Brasil que iria operá-la e aplicá-la continua velho e viciado.
Chega a ser simplório – embora eficaz – o argumento usado para justificar a morte precoce da lei da Ficha Limpa: o de que ela, como todas as outras, não pode retroagir para prejudicar.
E é dentro deste debate – ainda sem contra-argumentação convincente – que vão se sustentando os fichas-suja e afins, liberados a pedir o voto do eleitor embrulhados nas próprias folhas-corridas de sua história.
E o mesmo TSE que decidiu aplicá-la já nestas eleições, parece lavar as mãos em relação às decisões de suas representações regionais.
As eleições deste ano serão, mais uma vez, a repetição de antigos hábitos:
Os candidatos fingem que cumprem a lei e a Justiça Eleitoral finge que fiscaliza.

__________
Marco Aurélio D'Eça

Read Comments

Como Marina e Adriana

Conversa há exatos um ano com o tio Marco Aurélio D’Eça:

- Como você está, minha filha?
- Estou na pista.
- Na pista? Como assim na pista?
- Na pista de dança.
- E o que isso significa? Que está na curtição?
- Estou há espera de acontecimentos, já diria Marina Lima.
- Há espera de acontecimentos? Hummmm. Tem alguma coisa que você não me contou?
- Oi?

E agora estou cá, eu, confusa na pista de dança, já diria a Adriana Calcanhotto.

Acontecimentos
Composição: Marina Lima e Antonio Cicero

Eu espero
Acontecimentos
Só que quando anoitece
É festa no outro apartamento
Todo amor
Vale o quanto brilha
E aí
O meu ainda brilhava
Brilho de jóia e de fantasia
O que que há com nós dois, amor?
Me responda depois
Me diz por onde você me prende
Por onde foge
E o que pretende de mim
Era fácil
Nem dá pra esquecer
E eu nem sabia
Como era feliz de ter você
Como pôde
Queimar nosso filme
Um longe do outro
Morrendo de tédio e de ciúmes
O que que há com nós dois amor?
Me responda depois
Me diz por onde você me prende
Por onde foge
E o que pretende de mim

Pista de Dança 
Composição: Adriana Calcanhotto e Wally Salomão

Quando criança
Me assoprou no ouvido um motorista
Que os bons não se curvam
E, eu,
Confuso
Aqui nesta pista de dança
Perco o tino
Espio a vertigem
Do chão que gira
Tal qual
Parafuso
E o tapete tira debaixo dos meus pés
Piro
Nesta pista de dança
Curva que rodopia
Sinto que perco um pino
Não sei localizar se na cabeça
Esqueço a meta da reta
E fico firme no leme
Que a reta é torta
Re
Rainha
Bispo
Cavalo
Torre
Peão
Sarro de vez o alvo
Tiro um fino com o destino
E me movimento
Ao acaso do azar ou da sorte
No tabuleiro de xadrez
Extasiado
Piso
Hipnotizo
Mimetizo a dança das estrelas
Aqui neste point
A espiral de fumaça me deixa louco
E a toalha felpuda suja me enxuga o suor do rosto
Aqui nesta rave
Narro a rapsódia de uma tribo misteriosa
Imito o rodopio de pião bambo
Ê, Ê, Ê tumbalelê
É o jongo do cateretê
É o samba
É o mambo
É o tangolomango
É o baste estaca
É o jungle
É o tecno
É o etno
Redemoinho de ilusão em ilusão
Como a lua tonta, suada e fria
Que do crescente ao minguante varia
E inicia e finda
E finda e inicia e vice-versa
Ê, Ê, Ê tumbalelê
Nesta pista de dança
Pista de símios
Pista de clowns
Pista de covers
Pista de clones
Pista de sirenes
Pista de sereias
Pista de insones
Ê, Ê, Ê tumbalelê
É o jongo do cateretê
É o samba
É o mambo
É o tangolomango
É o baste estaca
É o jungle
É o tecno
É o etno
Ah, ah, ah, ah
Eu piro
Nesta pista de dança
Eu piso
Nesta pista de dança
Eu giro
Nesta pista de dança
Nesta pista de dança
Ê, Ê, Ê tumbalelê
Nesta pista de dança


_______________
Thamirys D'Eça

Read Comments