Ao samba, tudo

Salve Cartola e Nelson Cavaquinho. Salve Zé Kéti e Noel Rosa. Salve Dolores Duran e Paulinho da Viola. Salve a Mangueira e a Portela. Salve Viradouro e o Salgueiro. Salve o samba-choro e o samba de gafieira. Salve a Lapa e a Sapucaí. Salve o pandeiro e o tamborim.

E cantaria Vinícius de Moraes:

Fazer samba não é contar piada
E quem faz samba assim não é de nada
O bom samba é uma forma de oração

E cantaria Dorival Caymmi:

Quem não gosta de samba bom sujeito não é
É ruim da cabeça ou doente do pé
Eu nasci com o samba no samba me criei
E do danado do samba nunca me separei

E cantaria Candeia:

O samba é a nossa alegria
De muita harmonia ao som de pandeiro
Quem presta à roda de samba
Não fica imitando estrangeiro
Somos brasileiros

E cantaria Alcione:

Não deixe o samba morrer
Não deixe o samba acabar
O morro foi feito de samba
De samba pra gente sambar

E cantaria Clara Nunes:

Minha beleza encontro no samba que faço
Minha tristeza se torna um alegre cantar
É que carrego o samba bem dentro do peito
Sem a cadência do samba não posso ficar

Salve salve o samba e o dia de hoje. Salve quem o cantou e ainda o cantará. Salve o mestre e o aprendiz. Salve as rodas e o chopp de domingo. Agradeço a Deus pelo samba que alegra minha manhãs, tardes e noites. Ao Deus do samba só peço mais um pouco de talento nos pés, pois na cabeça só me toca o cavaquinho.


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Thamirys D'Eça

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Finalmente, o fim

Primeiro de dezembro. A noite está quente. Deve ser sinal de que o último mês do ano será tão difícil quanto os seus outros onze irmãos, ao contrário do que eu previa. Desta vez eu errei, meus caros. Errei feio, muito feio. Apontei para a maçã cuidadosamente acomodada na cabeça e acertei o pé do voluntário que aceitou subir ao palco para eu fazer minhas demonstrações de talento pueril.
Finalmente chegamos ao fim dos dias, mas dezembro é um mês atroz. Ele nos ruma ao fim, mas não nos traz o final. As mesmas pessoas irão continuar nos mesmo lugares com seus mesmos problemas pensando as mesmas coisas e querendo sempre o mesmo. Nada será dissipado. É só ilusão proporcionada por um tal papa Gregório XIII.
Hoje é primeiro de dezembro e desde o início do dia vi que não posso esperar muito dos seus outros trinta dias que estão por vir. Fiz planos e mantive expectativas porque apesar de tudo, eu sempre fui uma enamorada por dezembro, mas parece que mesmo com todo o meu esforço, sempre vai haver algo que não quer se superar.
Apesar de tudo, de mim, de vocês e destas terras abrasadoras de cá, não vou deixar nada no lugar. Afinal, tenho que fazer valer o fim.

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Thamirys D'Eça

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Saia da minha frente, por gentileza

Os pedidos de licença estão derradeiros. Meu latim eu usei demais. Minha paciência tem tempos que não comparece quando a chamo. Está cansada, coitada. Minha força a cada dia diminui. Já a insatisfação cresce de maneira assustadora. Não sei mais o que posso fazer. Tenho impressão que não há mais nada a ser feito. Perder a minha educação eu não perderia, então, por favor – e agora uso os poucos pedidos que me restam -, saia da minha frente, por gentileza.
O samba está para todos e só não samba quem não quiser. Para quê perder tempo arranhando o disco do Cartola? Deixe-me sambar em paz. Deixe-me beber cerveja aos domingos e todos os outros dias em que o sol se firmar e a sede apertar a garganta. Deixe-me colocar o meu vestido e sentir o vento bater e fazê-lo levantar quase a mostrar minha calcinha rendada. Deixe-me ver a lua acompanhada. Então, por favor, saia da minha frente, por gentileza.
Eu não posso mais me deixar afetar pelo desprazer alheio. Meu corpo é espiritualmente aberto demais. É injusto, cruel. Toda maldade, infelicidade e maus agouros grudam na minha roupa. Eu não vou mais andar com a roupa suja. Deixe-me andar limpa. Afinal, eu não tenho culpa de que a vida se encaminhou dessa maneira.
É uma súplica que estou a fazer. Se não quiser fazer um favor para mim, faça por algo, sua consciência. Deixe-me sentir as boas coisas, por gentileza. Então, tire sua tristeza do caminho que quero passar sem dor. Saia da minha frente.

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Thamirys D'Eça

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Por um triz não sou bandido

Tenho me afogado todas as manhãs na discografia do Chico Buarque – vide a postagem anterior. Tenho sua discografia completa em casa, mas estou quase por trazê-la para o trabalho. É entre uma reportagem e outra que ouço este senhor de verdes olhos. Sinto-me mais forte, cheia de sabor, perfumada. Porém, agora dei uma leve escapada. Estou a ouvir seu companheiro Caetano Veloso.
Por acaso achei cá para ouvir O Herói – última faixa do CD Cê, lançado em 2006. Com certeza não é a melhor das centenas músicas compostas por ele e nem faz parte do melhor dos seus mais de quarenta CDs lançados. Porém, eu gosto dessa música. Gosto desse toque de texto recitado acompanhado de melodia.
A música trata-se de uma crítica social, a busca pela democracia racial. Ela possui trechos que a tornam a impactante, como o que dá nome a esta postagem. Outro fator que torna a música hipnótica são os gritos desesperados já quase nos últimos acordes que de tão incômodos aos ouvidos provocam um resultado final atrativo. 

Por esses e por outros motivos que hoje recomendo que quem ainda não conhece, ouça O Herói. Ela me traz ainda boas recordações do último show do Caetano aqui em São Luís - ocorrido em 2007, se não me engano.



Herói

Caetano Veloso 


Nasci num lugar que virou favela
cresci num lugar que já era
mas cresci a vera
fiquei gigante, valente, inteligente
por um triz não sou bandido
sempre quis tudo o que desmente esse país
encardido
descobri cedo que o caminho
não era subir num pódio mundial
e virar um rico olímpico e sozinho
mas fomentar aqui o ódio racial
a separação nítida entre as raças
um olho na bíblia, outro na pistola
encher os corações e encher as praças
com meu guevara e minha coca-cola
não quero jogar bola pra esses ratos
já fui mulato, eu sou uma legião de ex mulatos
quero ser negro 100%, americano,
sul-africano, tudo menos o santo
que a brisa do brasil briga e balança
e no entanto, durante a dança
depois do fim do medo e da esperança
depois de arrebanhar o marginal, a puta
o evangélico e o policial
vi que o meu desenho de mim
é tal e qual
o personagem pra quem eu cria que sempre
olharia
com desdém total
mas não é assim comigo.
é como em plena glória espiritual
que digo:
eu sou o homem cordial
que vim para instaurar a democracia racial
eu sou o homem cordial
que vim para afirmar a democracia racial

Eu sou o herói
só deus e eu sabemos como dói



Para fazer o download da música clique aqui.

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Sua acidez me comove

Hoje me pus a ler umas letras - compostas ou somente cantadas - do Chico Buarque e depois de vagar por algumas, pensei: Este cara é ácido.
E é mesmo. Qualquer que seja inspiração que o tenha motivado a escrever/cantar determinados trechos, digo: Eu não queria estar no lugar do "homenageado".
Algumas passagens são tão cítricas que só de ler já me causam profundo sentimento de aspereza. É isto que o Chico provoca em dadas horas: Um tapa no rosto, uma lapada na bunda, um esfolar de pescoço, uma humilhação pública.
Muitos podem repudiar esse “dom” dele, mas como a Calcanhotto diz, “eu não gosto do bom gosto, eu não gosto do bom senso, eu não gosto dos bons modos, não gosto”. Então, quero compartilhar com vocês alguns "socos" do Chico Buarque. Seguem abaixo alguns que consegui destacar rapidamente em uma rápida passeada por sua discografia:


“Tantas águas rolaram, quantos homens me amaram bem mais e melhor que você” (Olhos nos Olhos)

“Olhos nos olhos quero ver o que você faz ao sentir que sem você eu passo bem demais” (Olhos nos Olhos)

“Quero cheirar fumaça de óleo diesel, me embriagar até que alguém me esqueça” (Cálice)

“Agonizou no meio do passeio público. Morreu na contramão atrapalhando o tráfego” (Construção)

“Não sei por que Deus ela jura que tem coração” (Ela Faz Cinema)

“Mas o tempo vai, mas o tempo vem. Ela me desfaz, mas o que é que tem que ela só me guarda despeito, que ela só me guarda desdém” (Essa Moça Tá Diferente)

“Não sê tão ingrata! Não esquece quem te amou e em tua densa mata se perdeu e se encontrou” (Fado Tropical)

“O seu corpo é dos errantes, dos cegos, dos retirantes. É de quem não tem mais nada” (Geni e o Zepelim)

“Joga pedra na Geni. Ela é feita pra apanhar, ela é boa de cuspir. Ela dá pra qualquer um. Maldita Geni” (Geni e o Zepelim)

“Já lhe dei meu corpo, minha alegria. Já estanquei meu sangue quando fervia. Olha a voz que me resta, olha a veia que salta, olha a gota que falta pro desfecho da festa. Por favor, deixe em paz meu coração que ele é um pote até aqui de mágoa e qualquer desatenção, faça não. Pode ser a gota d'água” (Gota D’água)

“Agora já não é normal, o que dá de malandro regular profissional, malandro com o aparato de malandro oficial, malandro candidato a malandro federal, malandro com retrato na coluna social; malandro com contrato, com gravata e capital, que nunca se dá mal” (Homenagem ao Malandro)

“Dinheiro não lhe emprestei, favores nunca lhe fiz. Não alimentei o seu gênio ruim. Você nada está me devendo. Por isso, meu bem, não entendo porque anda agora falando de mim” (Injuriado)

“Seu homem foi-se embora, prometendo voltar já. Mas as ondas não têm hora, morena, de partir ou de voltar” (Morena dos Olhos D’água)

“Chamo você pra sambar. Levo você pra benzer. Fui pegar uma cor na praia e só faltou me bater, é. Basta ver um rabo de saia pro bobo se derreter. Vives na gandaia e esperas que eu te respeite. Quem que te mandou tomar conhaque com o tíquete que te dei pro leite. Quieta que eu quero ouvir Flamengo e River Plate” (biscate)

“Se você sentir saudade por favor não dê na vista. Bate palma com vontade, faz de conta que é turista” (Quem Te Viu, Quem Te Vê)

“Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu. A gente estancou de repente ou foi o mundo então que cresceu” (Roda Viva)

“Você só dança com ele e diz que é sem compromisso. É bom acabar com isso. Não sou nenhum pai-joão. Quem trouxe você fui eu, não faça papel de louca pra não haver bate-boca dentro do salão” (Sem Compromisso)

“Sem você. Sem amor. É tudo sofrimento, pois você é o amor que eu sempre procurei em vão” (Sem Você)

“Quando eu me apaixonei, não passou de ilusão. O seu nome rasguei. Fiz um samba-canção das mentiras de amor que aprendi com você” (Lígia)

“Na manhã seguinte não conta até vinte. Te afasta de mim, pois já não vales nada. És página virada descartada do meu folhetim” (Folhetim)

"Divinais garotas, belas donzelas no salão de beleza, altas gazelas nos jardins do palácio. Eu sou mais as putas" (Cambaio)

"Sou igual a você, eu nasci pra você, eu não presto" (Sob Medida)

"Por trás de um homem triste há sempre uma mulher feliz e atrás dessa mulher, mil homens, sempre tão gentis. Por isso, para o seu bem, ou tira ela da cabeça ou mereça a moça que você tem" (Deixa a Menina)


Vistos estes trechos, é por isso que eu digo: Chico, sua acidez me comove.
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Thamirys D'Eça

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Moda com música da moda

Engana-se quem pensa que os fatores primordiais para o sucesso de um desfile de moda são apenas as coleções a serem apresentadas e quem irá colocar o charme na passarela. A trilha sonora que acompanha o rebolado dos modelos neste momento é de fundamental importância. Ela é a responsável por assegurar a sintonia entre a tendência do vestuário, o estilo da marca, a temática do desfile, o tipo de modelos e, sobretudo, é encarregada do papel de envolver o público.
No SLZ Fashion os responsáveis por esta tarefa foram os DJs Macau e VMC, que juntos formam a Altar, dupla badalada por boates de todo o país e de sucesso reconhecido mundialmente pelas paradas da Billboard. Pelo menos 80% da trilha do evento local – composto por 30 desfiles, cada um utilizando em média três músicas - foi escolhida e composta por eles.
Em entrevista a esta blogueira, Macau explicou sua experiência no SLZ Fashion, o processo de escolha das músicas que embalaram o evento e a receptividade do público que compareceu entre os dias 21 à 23 de setembro no Centro de Convenções Pedro Neiva de Santana, no Cohafuma.
DJ Macau agitou o SLZ Fashion com sequência irresistível
Blog - Qual a importância de uma boa seleção musical em um evento de moda?
Macau - A música é um acessório fundamental para um desfile. O conceito que se quer passar ou uma história que o estilista ou a loja cria para a coleção é um prato cheio de referências musicais. A música transporta os mais sensíveis a uma descoberta do tema que o estilista ou a moda quer ditar. É a mesma sensação quando se analisa um quadro de arte em que o espectador é transportado para um sentimento e cria-se um sentido para as coisas. A música tem essa função.


Blog - Quanto tempo levou para elaboração da listagem de músicas que fizeram parte do SLZ Fashion?
Macau - A elaboração das trilhas começa três meses antes dos desfiles, mas muitos dos clientes chegam já com um tema ou até mesmo sugerem a música. Nós trocamos idéias, tento não ser tão óbvio, mas às vezes complica um pouco quando eles ficam com uma idéia pré-estabelecida. 

Blog - Qual o critério de escolha das músicas para um evento como esse?
Macau - Primeiro é a conversa inicial com cada loja ou estilista. Tento dar um toque mais conceitual, fugindo um pouco do que é pop. Alguns lojistas já sabem da importância desse capítulo, e juntos, decidimos o que cai melhor na passarela. 

Blog – Como então combinar a música com o gingado dos modelos na hora do desfile?
Macau - O importante é causar um impacto. A música tem que ser bem escolhida, mas ela pode ser apenas um sinal sonoro, ou um efeito de mar, vento, ou chuva. Tudo deve ser pensado na idéia que a loja ou estilista quer passar na passarela. A interpretação para a realidade na passarela fica por conta dos modelos. 

Blog - Que tipos de artistas fizeram parte desse repertório?
Macau - Alguns importantes da música brasileira, como Bebel Gilberto, Gilberto Gil e o maranhense Cláudio Lima. E tantos outros artistas, como The Ting Tings, Puppini Sisters, The Noisettes, Mika e etc. 

Blog - Alguns lounges tiveram seleção musical diferenciada. Tem diferenças na escolha da trilha para esse público mais seleto?
Macau – Participei do lounge Sá Cavalcante e fiz questão de botar a pista para “ferver” ao som de muita House Music fina e elegante. O perfeito estilo para eventos como este é você usar uma música para quem quer fazer negócio e ao mesmo tempo balançar o esqueleto. Usei muito do SoulFull House, do Deep House e até mesmo o Disco House que são bastante agradáveis para o ouvido e para o corpo. 

Blog - Tiveram ainda desfiles temáticos. A escolha das músicas também foi feita pela dupla Altar?
Macau - Alguns dos desfiles temáticos foram feitos por nossa equipe, mas sempre com o consentimento de cada loja ou estilista que iria desfilar. 

Blog – E os freqüentadores do evento? Há quem dê sugestões de músicas a serem colocadas nas pick-ups?
Macau - Os visitantes do evento não têm essa autonomia, pois apenas quem criou a concepção de cada desfile determina o direcionamento musical do desfile. Os visitantes estão lá apenas como espectadores, apesar de muitos questionarem o uso de certas músicas ou artistas. O certo mesmo era cada loja ou estilista que fosse desfilar, apresentasse um breve release aos visitantes para que eles entendessem de antemão o conceito do desfile de cada grife. Isso já está sendo estudado para os próximos anos.


Blog - Já havia participado de outras edições do SLZ Fashion ou de outros eventos do mesmo âmbito?
Macau - No SLZ Fashion a Altar era a responsável pela coordenação das trilhas e a implantação da Rádio SLZ Fashion, que foi nosso primeiro ano, mas participo de criação de trilhas para desfile muito antes do disso. Sou da época do Phytoervas Fashion em São Paulo, quando o São Paulo Fashion Week era ainda uma criança. Montei algumas trilhas ao lado do jornalista Alex Palhano. 

Blog – Que diferenças você tem notado no decorrer desses anos quanto à na montagem da trilha sonora?
Macau - A verdade é que o evento SLZ Fashion está passando por grandes mudanças a todo ano, e para melhor. Por exemplo, apesar de não ter tanta liberdade na hora de criar uma trilha, sempre coloco uma pitada de ousadia e tento convencer os participantes do evento para saírem do lugar comum. Esse é o meu papel e isso faz parte de uma evolução. 

Blog – E como foi a receptividade do público do SLZ Fashion quanto à escolha musical?
Macau - Música ainda é para muitos uma questão de gosto, mas vale alertar a todos que desfile é o conjunto de uma obra. Fui questionado, por exemplo, porque usei um certo artista na trilha de um dos desfiles. Eu expliquei que a intenção do estilista era passar uma idéia retrô, bem anos 80 e só depois da minha justificativa que ficou fácil de entender. Então, quando assisto a um desfile encaro como se estivesse vendo uma obra de arte, absorvo cada detalhe para depois juntar as peças. Na verdade não consigo traduzir tudo naquele momento, mas se tivesse um background saberia exatamente o porquê de certas coisas. O importante é não apenas abrir a boca e dizer que gostei ou não da trilha. O fundamental mesmo é saber qual o conceito de cada desfile, pois a música é um acessório. Assim como nós que construímos a cena do SLZ Fashion estamos amadurecendo musicalmente a cada dia, os espectadores também estão passando pelo mesmo processo. É uma questão de tempo para todos entenderem o espírito das roupas e suas trilhas.
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Esta entrevista deveria ser publicada no jornal O Estado do Maranhão - no Especial SLZ Fashion, que estará disponível amanhã -, porém, a edição para qual foi destinada sofreu com ausência de espaço - um problema comum em impressos. No processo de edição, deu-se prioridade para as matérias que tratavam dos desfiles e tendências. Para não perdê-la, resolvi postar aqui. Claro, não é a mesma coisa, mas é um alento em meio a minha frustração. Afinal, o Macau é uma gracinha - como já diria a Hebe  (hehe) - de pessoa e, como sempre, foi muito solícito e atencioso quando solicitei o bate-bola. Aproveito e peço desculpas a ele. E digo: Quem não dançar ao som do DJ Macau boa pessoa não deve ser.
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Thamirys D'Eça

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Vá esfregar na cara de outro!

Os anos passam. Entram e saem presidentes, governadores, senadores, deputados, prefeitos, vereadores, mas nada muda. Pior. Só aumenta o volume. A eleição se aproxima e o cenário é o mesmo há vários anos e se repete a cada dois que passam. Coisas que eu, em minha vil compreensão, nunca consegui assimilar.
Não importa o horário, o local, quem esteja presente. Lá estão eles e elas a balançarem, a voar, a serem colados. A cada eleição multiplicam-se como larvas no esterco, como já diria Aluísio de Azevedo em O Cortiço (1890).
Quando os vejo, reitero: Existem coisas que definitivamente não consigo entender. Todos os dias indo, vindo ou durante meus percursos diários, por cada canto que olhe estão presentes. Para mim, é tudo desnecessário, mas aquilo custa milhares de reais.


São bandeiras, outdoors, panfletos e propagandas visuais em geral espalhados nas ruas e avenidas. Digo-lhes: Eu, particularmente, não votaria em um candidato porque vi uma grande quantidade de bandeirolas no retorno do meu bairro. Pelo contrário. Poluição visual me causa raiva. Baderna que atrapalha o trânsito me causa stress. Santinhos que poluem as vias me causam profundo desgosto.


Os carros de som são os mais repudiáveis. Com eles, porém, aprendo que nunca há limites para o ridículo. Os jingles de campanha conseguem o feito de tornarem ainda mais abomináveis músicas que originalmente já são inaudíveis. Por favor, alguém me dê uma pedra para jogar no carro de som que nas manhãs de domingo invade meu quarto com “Gardênia... nós gostamos de você... Guarde o número pra mim que eu também quero...”.
Quanto a tudo isso, as minhas dúvidas são: A população permanece ainda tão alheia que define seus candidatos por causa do volume de campanha? Há quem defina seu voto porque recebeu um santinho na rua de determinado candidato? Vence aquele que colocar mais carros adesivados nas ruas?


Campanha é sim necessário. Sempre será. A população precisa ver a cara do candidato, mas o importante não são as propostas? Nas bandeirolas alguém já notou promessa de escola, hospital? Onde está o respeito com o eleitor quando se suja as ruas, a cidade se torna um caos, os ouvidos estão atordoador e tudo parece tomar conta de nossas vidas sem sequer ser pedida permissão?

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Thamirys D'Eça

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São Luís: 398 anos e mil opções de diversão noturna


Thamirys D'Eça
da equipe de O Estado

“Todo mundo espera alguma coisa de um sábado à noite. Bem no fundo todo mundo quer zoar”. Quando Lulu Santos cravou o hit “Sábado à Noite” nas paradas de sucesso, a música se adequava perfeitamente aos anseios de quem esperava ansiosamente pelo anoitecer incomparável deste dia de diversão sem medidas. Hoje, porém, o trecho já não se aplica mais com tanta contundência. Pelo menos em São Luís, todo mundo espera alguma coisa de todas as noites, qualquer que seja o dia da semana. Foi-se o tempo em que se dizia que na capital maranhense nada tinha para se fazer depois que o sol se punha. Os roteiros são agora variados e agradam todos os públicos.
Outro fato que se desmistificou foi que praia não é lugar para saltos, brilho e glamour. Começando um roteiro pelos locais mais badalados da cidade, a orla repleta de bares tem sido cada vez mais a opção de quem quer curtir boa música, ambiente charmoso e culinária requintada. “Antes os bares da praia não tinham estrutura nenhuma e hoje têm, por isso, as pessoas estão procurando mais como opção noturna. Lá no bar primamos ainda por um bom atendimento, muita organização e shows ao vivo todos os dias para animar”, assinala Sandro Schons, proprietário do Adventure Bar.
A decoração também é fator primordial para quem quer deleitar-se depois do poente. Neste quesito, o bar Landruá Mariscos é um dos que mais atrai o público. Com iluminação própria, espaço ornamentado e aconchegante desde para quem quer ir namorar a quem quer se reunir com os amigos, o ambiente é um ponto de referência na Avenida Litorânea. “Investimos muito na decoração, pois isso agrada o olhar do público. Oferecemos ainda boa música, comida e atendimento”, informa Urbano Castro, proprietário do Landruá Mariscos.
Na culinária, a disputa é acirrada entre os bares à beira-mar. Os pratos típicos da gastronomia ludovicense - quase sempre dando preferência aos frutos do mar -, são um meio de conquistar os freqüentadores pelo paladar. No Barraca do Chef, o prato de maior sucesso é o caranguejo do chef. Já no Bar da Marcela, a recomendação é pelo caranguejo ao molho. Do lado oposto aos bares, há restaurantes como o Porto Maracangalha, o Magiorasca e o Feijão de Corda que também são um sucesso.
Mudando de rota, outro local indispensável para na noite de São Luís é a Lagoa da Jansen. A procura no lugar é tão grande que há dias em que filas de espera se formam na porta de bares e restaurantes como o Mandamentos Bar, o Por Acaso e o Kitaro, este especializado em culinária japonesa. Além da localização em um dos pontos turísticos da cidade, um dos atrativos é a música. No Mandamentos Bar, por exemplo, é oferecido aos visitantes desde sertanejo até música eletrônica.
Quem aprecia bebida de qualidade não pode deixar de ir ao Buteko da Lagoa. O lugar é conhecido por oferecer um dos chopes mais renomados de São Luís. Outra parada obrigatória é o Creóle Bar para quem busca uma programação mais alternativa. No lugar acontecem constantes shows de música regional, entre reggae e outros estilos.
No Centro Histórico, os casarões seculares de fachadas intocadas, atrelado ao clima propiciado pelas luminárias de lâmpadas amareladas, sem dúvida é o magnetismo do lugar. O ambiente é complementado pela diversidade cultural. Há samba, reggae, rock, pagode, tambor-de-crioula, maracatu, música eletrônica, chorinho, MPB, jazz, blues, entre outros ritmos que competem à confluência.
O Antigamente Restaurante e Bar, por exemplo, é um dos recintos mais encantadores. Com shows ao vivo, ambiente aconchegante e variedade de iguarias da culinária local, o espaço virou lugar cativo de maranhenses e turistas. Outro espaço é o Odeon Sabor e Arte, que oferece música típica do estado que atrai dezenas de pessoas durante toda a semana. O Armazém da Estrela reúne todos os atributos de um empreendimento que agrada o público. É restaurante, bar e cafeteria com samba, reggae e rock, gente bonita, promoções, decoração impecável em três ambientes e ainda oferece serviço de manobrista. “Procuramos ser originais. Atraímos muita gente, inclusive turistas, que ficam encantados. Há muita azaração”, explica Elizabeth Oliveira, gerente do estabelecimento.
Há quem opte por uma noite ainda mais badalada. Nesses casos, a escolha é quase sempre por boates. Ainda no Centro Histórico, a recomendação é pela Observatório e a Candy, ambas destinadas à lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e simpatizantes. Mudando de rota e indo ao bairro da Ponta D’Areia, a boate Nyx também é alvo na hora da diversão. “Estamos nos moldes de boates do Brasil e do mundo, sintonizado com o que há de mais moderno. Tudo com segurança e muito conforto”, afirma Evandro Santos, um dos proprietários da Nyx.
Na busca por uma noitada bem aproveitada, tem quem não se interesse pelo lugar desde que haja a sua atração favorita, como é o caso do cantor Wilson Zara, que tem fãs que o seguem até em shows em outras cidades. “Minha música pode provocar conexões no cérebro e, com a ajuda de um drink, as pessoas podem voltar para casa mais alegres e felizes”, diz Zara, justificando a presença dos seguidores. Ele começou a carreira há cerca de 10 anos. Hoje canta Zé Ramalho, Fagner, Belchior, Raul Seixas Secos e Molhados, Bob Dylan, Beatles, entre outros.
Com o cantor Caio Montteiro acontece o mesmo. Com seu repertório dos anos 60 à 90, há quem o acompanhe em sua trajetória semanal pelos bares onde faz suas apresentações. “A maioria do público que gosta do meu show são maiores de 30 anos, mas também percebo que os mais jovens também têm gostado desse tipo de música que canto”, conta. Ele se iniciou como músico há 14 anos e está em seu repertório Madonna, Queen, Abba, Cyndi Lauper e outros.
Em meio às luzes frenéticas da boate, não é difícil achar quem esteja ali à espera da seqüência musical do Dj Macau. A explicação para a apreciação do público quando está no comando das pick-ups é a dedicação. “Trabalhar na noite é cansativo, mas quando é feito com amor, vale a pena. Eu adoro tocar e procuro levar sempre meu público além. Não tem preço você animar as pessoas”, analisa.

Noite Classe A 

Pode parecer extravagância para a maioria, mas há quem ache que para garantir uma boa diversão noturna não se pode poupar gastos. Em São Luís - que não acontece diferente – quem é da alta sociedade não pestaneja, por exemplo, ao se satisfazer adquirindo uma garrafa de vinho no valor de 5 mil reais. Apesar de não serem acessíveis à maioria da população, os restaurantes suntuosos que oferecem estas seletas peculiaridades garantem movimento cativo dos freqüentadores.
Um destes locais é o Grand Cru que, localizado na Avenida dos Daniel de La Touche, no Olho D’Água, é um bistrô que oferece alta gastronomia francesa e uma grande variedade de vinhos em um ambiente aconchegante. “Quem vem ao Grand Cru é porque gosta de coisa boa. Aqui se sabe sobre a história do vinho. O público é classe A. O que eles mais pedem é champagne entre mil e 2 mil reais e vinhos na faixa dos 3 mil”, explica Hudson Rocha, sommelier do lugar.
Também apresentando culinária francesa, o Chez Romy, situado na Rua Jasmins, na Ponta D’Areia, presa por um atendimento diferenciado. “Fazemos um menu de degustação duas vezes por mês. Na culinária, optamos por porções individuais. Nossos pratos são manipulados na hora e ainda oferecemos música francesa ambiente em meio à uma decoração também neste tema”, considera Joana Romy, proprietária do estabelecimento.
No Empório Paulista, centrado na Avenida dos Holandeses, no Calhau, a programação é um dos atrativos do lugar. De quarta-feira a sábado os freqüentadores são agraciados com música ao vivo com a banda Baião de Dois, além de ter ao alcance uma vasta vinícola e, no cardápio, comida paulistana. “Temos um ambiente sofisticado, comida de alta qualidade e conversamos com o público para agradar cada um dos clientes”, afirma Cristina Guimarães, gerente do local.
A Expand Store, na Avenida dos Holandeses, no Calhau, é outro ambiente que atrai a alta sociedade ludovicense. A loja é referência na América Latina. Com um portfólio de 1500 rótulos, de 14 países, São Luís abriga uma das 36 lojas espalhadas pelo país. Os clientes têm ainda a opção de fazer encomenda de produtos, como vinhos, pela internet, através do site da empresa.

Dicas de como aproveitar melhor a noite

- Se não conhece o local, peça opinião de amigos para saber se vale à pena passar a noite no lugar;

- Se não tem dinheiro, procure baladas alternativas, que não gastem muito;

- Evite pedir dinheiro emprestado ou ficar dependendo da boa vontade dos amigos em pagar os gastos da noitada;

- Se a bebida do local para onde você vai é muito cara, beba em outro lugar antes de ir;

- Evite ir para lugares cheios se estiver de mau humor;

- Cuidado na hora da paquera. Observe se a pessoa está acompanhada, para evitar confusão;

- Se fumar, mantenha o cigarro próximo ao seu corpo para não machucar outras pessoas. Se o ambiente for fechado, vá para a área de fumantes;

- Coma algo antes de beber ou tenha tira-gostos à mesa;

- Evite beber muito para evitar constrangimentos;

- Não aceite bebidas de estranhos, pois nelas podem conter drogas;

- Evite qualquer tipo de briga. Tente relevar situações lhe tiram o bom humor;

- Se local estiver cheio e você quer se deslocar, faça isso com calma. Peça licença;

- Não estacione o carro muito longe do local onde você está;

- Evite voltar para casa sozinho se estiver a pé ou de ônibus;

- Se está cansado e mesmo assim quer sair, tome um energético para não desanimar a sua noite e dos seus amigos;

- Se você tiver compromissos importantes no dia seguinte, evite se desgastar muito. Vá para casa cedo para dormir bem;


Matéria publicada na edição do dia 8 de setembro de 2010 no jornal O Estado do Maranhão

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Quando se vive na vida de um poeta


Estou cá hiper atarefada. Hoje é feriado, mas estou tendo mais coisas a fazer que um dia comum. É como eu mesma digo: Descansar é para os fracos!
Não bastasse, tenho de agüentar fantasmas que vagam por entre os meus anseios, querendo rompê-los, desvirtuá-los do seu rumo. Não tivesse eu uma mente tão inquietante, talvez não os sentisse tão consistentes. É como se pudesse apalpá-los tal qual um homem faria ao ter desejos libidinosos despertados ao ver o balançar da bunda da morena na rua.
Apesar das tarefas e das inquietudes, venho dedicar alguns instantes - enquanto estou almoçando - para estas bandas daqui. Como relatei em postagem anterior, farei vez ou outra sugestões breves de algo que me agrade, esteja de acordo com  a ocasião ou que em dada hora teve sua devida importância.

Hoje, me peguei a ouvir Belle and Sebastian. Sem dúvida a música mais representativa para mim em sua discografia – pelo menos da que já me pus a ouvir – é Funny Little Frog, do álbum The Life Pursuit (2006). 

A composição trata-se de uma declaração de amor das que qualquer mulher gostaria de ter guardada, dedicada. A letra, aliada a melodia suave e marcante remota uma experiência de amor intocável, inabalável. Repassa um sentimento de inexistência fora o outro e a necessidade intransponível de se reportar todo o amor que se sente, sem receio, limites. Lendo ou ouvindo, qualquer um percebe que o amor é de fato o sentimento mais bonito que o ser humano pode carregar. Tanto que, de acordo com a letra, é como viver na vida de um poeta.

Deixo, então, esta dica que me traz lembranças incrivelmente boas, que é o que preciso para agüentar esse feriado. Segue letra, tradução, videoclipe e informações básicas sobre a banda.


Funny Little Frog

Honey lovin you is the greatest thing
I get to be myself and I get to sing
I get to play at being irresponsible
I come home late at night and I love your soul
I never forget you in my prayers
I never have a bad thing to report

You’re my picture on the wall
You’re my vision in the hall
You’re the one I’m talking to
When I get in from my work
You are my girl, and you don’t even know it
I am livin out the life of a poet
I am the jester in the ancient court
You’re the funny little frog in my throat

My eye sight’s fading, my hearing’s dim
I can’t get insured for the state I’m in
I’m a danger to myself I’ve been starting fights
At the party at the club on a Saturday night
But I don’t get disapproving from my girl
She gets the all highlights wrapped in pearls..

You’re my picture on the wall
You’re my vision in the hall
You’re the one I’m talking to
When I get in from my work
You are my girl, and you don’t even know it
I am livin out the life of a poet
I am the jester in the ancient court
You’re the funny little frog in my throat

I had a conversation with you at night
It’s a little one sided but that’s allright
I tell you in the kitchen about my day
You sit on the bed in the dark changing places
With the ghost that was there before you came
You’ve come to save my life again

I don’t dare to touch your hand
I don’t dare to think of you
In a physical way
And I don’t know how you smell
You are the cover of my magazine
You’re my fashion tip, a living museum
I’d pay to visit you on rainy Sundays
I’ll maybe tell you all about it someday

TRADUÇÃO

Sapinho engraçado

Querida te amar é a melhor coisa
Eu consigo ser eu mesmo e consigo cantar
Eu consigo brincar de ser irresponsável
Eu venho para casa tarde da noite e eu amo sua alma
Eu nunca te esqueço em minhas orações
Eu nunca tenho algo de ruim para reportar

Você é minha foto na parede
Você é minha visão no corredor
Você é com quem eu converso
Quando eu volto do meu trabalho
Você é minha garota e você nem sabe
Eu estou vivendo na vida de um poeta
Eu sou o bobo na corte antiga
E você é o sapinho engraçado em minha garganta

A vista de meus olhos estão desaparecendo, minha audição está turva
Eu não consigo estar seguro do estado que eu estou
Eu sou um perigo pra mim mesmo eu tenho começado brigas
Na festa no clube numa noite de sábado
Mas eu não tenho desaprovação da minha garota
Ela tem todos os destaques envoltos em pérolas

Você é minha foto na parede
Você é minha visão no corredor
Você é com quem eu converso
Quando eu volto do meu trabalho
Você é minha garota e você nem sabe
Eu estou vivendo na vida de um poeta
Eu sou o bobo na corte antiga
E você é o sapinho engraçado em minha garganta

Eu tive uma conversa com você noite passada
Foi um pouco desvantajosa mas tudo bem
Eu te conto na cozinha sobre o meu dia
Você senta na cama no escuro trocando de lugar
Com o fantasma que estava lá antes de você vir
Você veio salvar minha vida denovo

Eu não me atrevo a tocar sua mão
Eu não me atrevo a pensar em você em uma forma física
E eu não sei como você cheira
Você é a capa da minha revista
Você é minha dica de moda, um museu vivo
Eu pagaria para te visitar em domingos chuvosos
Eu talvez te contarei sobre tudo isso um dia

VIDEOCLIPE

A BANDA


Belle and Sebastian é um banda de indie pop escocesa formada em janeiro de 1996 na cidade de Glasgow. Belle and Sebastian tem muito em comum com bandas indie de muita influência, como The Smiths, Felt e James, e atualmente tem adotado influências do soul e funk nórdicos. Depois de lançar vários álbuns e EPs na Jeepster Records, eles agora estão associados à Rough Trade Records no Reino Unido e à Matador Records nos EUA.

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Thamirys D'Eça

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Happy rock: moda, estilo ou frescuragem?



Pode parecer ingratidão de fã citar Marina Lima em um texto sobre happy rock, mas vá lá - deus perdoa: "deve ser da idade", disse a carioca de voz rouca e linda em "Charme do Mundo", - composição dela e do irmão, Antônio Cícero.
Aplico a breve frase ao novo estilo adotado pelos jovens que consiste, basicamente, em se fantasiar. Deve ser sim da idade. Ou a minha idade - já carrego meus cansados 22 anos nas costas - que me permite achar o visual pitoresco - leia-se bizarro - ou a idade deles, que os deixa acreditar que andar pelas ruas vestidos de arco-íris é um poço de normalidade e beleza. Dizem até que é fashion, que é moda.
Eu não sou preconceituosa. Até acho interessante sempre surgirem novos movimentos teens que utilizam as vestimentas como forma de expressão, marca, mas como minha avó diria - outra ingratidão -, "peralá, tudo tem limite". Sair assim pede um: "cara, que porra é essa, hein?". Não é como o hippie ou o punk, por exemplo, que também causavam estranheza aos olhos da sociedade, mas possuiam um ideal definido, objetivos.
Agora, as más línguas(!?) já até consideram o novo visual como "a volta dos teletubbies". Eu prefiro não ser tão rude - pelo menos em público. Para não bancar a chata, eu reconheço que usaria uma calça de uma cor menos tradicional, mas nada em tons que façam os carros pararem ao me confundir com um semáforo a led. O que não faria era montar um look de óculos, camiseta, calça, tênis e acessórios com cores conflitantes e berrantes. Isso é muita frescuragem para mim.

Segue abaixo matéria feita por mim ao caderno Na Mira, do jornal O Estado. Quem quiser conhecer um pouco mais sobre o happy rock, leia. Claro que a abordagem foi bem mais positiva que meu comentário acima. 


Mundo colorido

A nova moda entre os adolescentes é usar e abusar das cores para montar um look fashion e causar uma boa impressão

Thamirys D’Eça
Da equipe de O Estado

O que é um pontinho vermelho se movimentando na rua? E outro rosa dentro do carro? Tem também um laranja circulando no shopping. O que será? Um roxo acabou de ser visto entrando no cinema. Isso não se trata de uma charada e, se quiser descobrir o que é, corte o cabelo de maneira incerta e compre a calça da cor mais chamativa que encontrar. Não vale economizar na cor. Detalhe para o modelo skinny, afinal, quanto mais apertada, melhor.
Para completar, camiseta, boné, óculos, relógio, pulseiras e, claro, um tênis colorido. Agora, podes sair na rua. Achou estranho? E quem disse que a moda jovem tem de ser movida a padrões? Esse é o figurino que está fazendo sucesso entre os jovens da atualidade. Está em efervescência mais uma forma de expressão juvenil, por meio da roupa, e em São Luís não podia ser diferente.
Há quem diga que este novo estilo veio para substituir o emo, que abusava de lápis de olho, delineador e roupas pretas, repassando um caráter de tristeza, insatisfação. Agora, lembrando um arco-íris, a nova atitude nas vestimentas foi intitulada de happy rock (em português, rock feliz). A moda de cores vivas e marcantes está sendo propagada por artistas como Fiuk e as bandas Restart, Believe, Cine, entre outros, o que facilita a adesão dos jovens.
Um das que aderiu ao estilo foi a estudante Juliana Carvalho, de 14 anos. Há pouco mais de dois meses ela modificou o guarda-roupa com a renovação das peças. “Acho um estilo bem divertido. É legal fazer as combinações e fica tudo muito fashion. Estou usando não por que virou moda, mas porque me sinto bem assim”, justifica a garota, vestindo uma calça rosa, blusa branca com pequenas estampas, óculos verde e tênis cano logo quadriculado.
O estudante Felipe Carvalho, de 13 anos, também é um dos adeptos do happy rock. Ele diz ter sido influenciado por amigos, que também passaram a adotar as cores vivas. “Comecei a ver os outros usando e achei bem legal. Eles começaram a me dizer para usar também e aceitar. Meu pai achou meio estranho, mas hoje ele não liga mais e acha engraçado”, conta, usando calça verde, camiseta cinza, boné vermelho e relógio, assim como o tênis, branco.
Já a estudante Evelyn Santana, de 15 anos, diz que a moda começou a fazer parte da sua vida por gostar de chamar a atenção. “Você botando uma calça dessas não tem como as pessoas não te notarem. Eu sinto todos me olhando. Eu adoro ser o centro das atenções”, revela, entre risos, e com um look formado por uma calça vermelha, blusa preta e óculos e tênis colorido.
Engana-se quem acha que o look se restringe ao território brasileiro. De essência despojada, a tendência representa a atitude e o espírito típico dos jovens atuais de vários países. Algumas bandas internacionais que estão se vestindo dessa forma é a Girls Genaration SNSD e a Big Bang. As artistas Rihanna, Victoria Beckham, Katie Holmes, Fergie, Ashley Simpson, Sarah Hardin e Cristina Aguilera também já foram flagradas no estilo arco-íris.
Já nas passarelas, na última temporada de moda masculina verão 2010, alguns estilistas como Paul Smith e Louis Vuitton apostaram nas calças masculinas coloridas. Durante a primavera, essa tendência supercolorida começou a aparecer pelas ruas de Paris.

Visual colorido

- Cabelo


Lembrando um estilo anos 1980, o mullet está de volta. O corte consiste em cabelo curto na frente em cima e no lados e longo atrás, lembrando o penteado da dupla sertaneja Chitãozinho e Xororó. As madeixas devem estar na altura ombros e com camadas curtas e longas.

- Calça


Também fazendo referência à década de 1980, as calças têm de ter cores vivas, como amarelo, vermelho, rosa, laranja ou tons flúor de azul e verde. A peça tem de ser no modelo skinny. Que são as de estilo colada no corpo, com a boca estreita, ajustada ao tornozelo. Se por ventura não houver no estoque das lojas, a dica é comprar uma calça branca e tingir da cor desejada. A peça é indicada, sobretudo, para quem tem corpo esguio. Os que têm mais peso e querem adentrar na moda, podem optar por túnicas ou t-shirts mais compridas para melhor conforto.

- Tênis


O visual é composto por sneakers ou tênis de cano alto. Já foi usado em alta em meados de 1980. Várias marcas apostaram no modelo, como All Star, Lacoste, Reebok, Puma e Nike.

- Acessórios


Relógios com pulseiras coloridas, mochilas de costas, chapéus, lenços e colares são alguns itens que dão mais um up no look. Os óculos wayfrares lisos ou estampados são também peças indispensáveis para completar a composição, assim como bonés estilosos. Cuidado para uso demasiado de acessórios, pois poderá ficar sobrecarregado.



A moda teen nos tempos
Sem medo de ousar, no decorrer dos tempos, o jovem vem sempre mostrando estilo e personalidade impressos em sua maneira de se vestir. Em algumas, as roupas servem como forma de transgressão à sociedade. Alguns exemplos de modelos que marcaram época são o punk, hippie, grunge, rock 50, moda anos 70, hip hop, índie, emo. Conheça algumas delas:

- Visual Punk
Iniciado entre 1950 e 1960, o estilo se propagou através de bandas de rock. O estilo é marcado por presença de alfinetes, patches, lenços no pescoço ou à mostra no bolso traseiro da calça, calças jeans rasgadas, pretas e justas, bondage, bottons, jaquetas de couro com rebites e mensagens inscritas nas costas, coturnos, tênis converse, correntes, corte de cabelo moicano, colorido ou espetado.

- Visual Hippie
Iniciado em meados de 1966, o estilo prega o pacifismo e a filosofia da paz e do amor. O visual é composto de calças de jeans, pantalonas com boca de sino, e no lugar de camisas e blusas, usava-se batas indianas, como apego às culturas não corrompidas pela guerra e pelo consumismo.

- Visual Rock anos 50
Próprio dos anos de 1950, o estilo abusa de vestidos rodados, cintura marcada, rabo de cavalo, meias soquetes. O look masculino consistia em um visual rebelde com uso de blusão de couro e jeans. A época propunha uma moda displicente, havia ainda um componente mais agressivo, com longos jaquetões de veludo, coloridos e vistosos, além de um topete enrolado. Eram os "teddy-boys".

- Visual Anos 70
Próprio dos anos 1870, o estilo é composto por meias de lúrex, sandálias de salto alto, camisas de poliéster com colarinhos grandes e calças bocas de sino. O look aposta ainda em vestidos que valorizem o corpo feminino, fendas, tomara-que-caia ou saias balonês, uso de ombreiras e calças com o cós alto, minissaia com legging, macacões e shorts. As cores cítricas fazem muito sucesso, como o verde-limão, o amarelo e laranja fosforescentes.

- Visual Hip Hop
Popularizado em meados dos anos 90, o estilo é composto por calças largas com cintura baixa a ponto de mostrar a roupa de baixo, tênis confortáveis - com os cadarços geralmente desamarrados - e camisetas coloridas. O visual abusa de jóias, como correntes grossas penduradas no pescoço com grandes medalhões. Usa-se ainda anéis múltiplos, que podem servir quase como soqueiras.

- Visual Emo
O último estilo que vingou entre os jovens, antes do happy rock, aposta em meia calça colorida, calças de cintura alta e lenços. O xadrez também é um clássico do estilo emo. As cores mais usadas são o preto, branco e cinza. Abusa de delineador preto, lápis de olho e até pinturas de lágrimas no rosto, que remonta à melancolia desse grupo.

Matéria publicada no jornal O Estado do Maranhão na edição de 3 de setembro de 2010

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