O expresso do horrror


Você está prestes a embarcar no Expresso Thamirys D’Eça. Qual o destino? O horror!


Esta frase não é minha. É uma adaptação da proferida por Sue Sylvester, a treinadora linha dura, preconceituosa e de métodos deliciosamente incomuns e para muitos até reprováveis - pedagogicamente falando - da série de TV estadunidense Glee.
O fato é que ela casa perfeitamente comigo. Conviver com esta aqui que vos escreve é um verdadeiro horror. Claro que ninguém nunca me disse isso – e se dissesse iria entrar não no expresso do horror, mas no da morte mesmo -, mas eu sei.
Sou chata, mandona, exigente, desconfiada, sincera – no sentido ruim -, um pouco egoísta, falante, risonha – no sentido ruim -, um tanto desorganizada, precavida – no sentido ruim –, curiosa – no sentido péssimo - e eu penso demais, o que me leva a até fantasiar coisas e criar situações.
Se vocês pensam que esses são meus atributos mais censuráveis, se enganam profundamente. Digo-lhes sem nenhum pudor. Eu sou má. Eu sou cruel. Eu sou irônica. Eu sou sarcástica. Eu sou atroz. Eu sou adepta do escárnio. Eu tenho humor negro.
Para vocês verem, uma pessoa da qual gosto muito já chegou e disse na minha cara:

- Thamirys, você é cruel.

Em outra ocasião:

- Thamirys, o que você quer fazer é muita maldade.

E por aí vai. Apesar disso tudo, tem gente que consegue conviver comigo. É nessas horas que eu vejo que o amor é uma coisa muito estranha. Muito, muito estranha.

Sabe o que acho disse tudo? Veja a figura ao abaixo. É assim que a Sue vê as coisas. É assim que a Thamirys vê as coisas.



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Thamirys D'Eça

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Mãããããe, eu mudei!

Queridos visitantes, amigos, egos perdidos e inimigos declarados,

Como alguns já perceberam, o meu blog mudou de endereço.  Passou de lapisebatom.blogspot.com para www.thamirys.com. Além dessa modificação, notem que mudei o título e os subtítulos da minha página, recuperei alguns dos favoritos que havia perdido na troca de endereços e ativei alguns campos como o "Contacts" e "FAQ". Outra mudança é a eliminação dos ícones que ficam abaixo das postagens. Permaneceu apenas o ícone azul que dá acesso ao espaço para comentários.

Queria mudar o template também, porém, não achei nenhum que me agradasse. Ainda estou tentando ativar o recurso de busca e tenho certeza que a preguiça vai deixar eu fazer um texto para preencher o "About" e começar a postar vídeos também.

Bem, é isso.

Grata pelas visitas diárias que têm se superado a cada dia nesses pouco mais três meses de existência da minha página.

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Thamirys D'Eça

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Quem nasce brega, sempre morre brega

 
Não sei quem canta ou compôs. Até procurei no Google, mas se o guru de todos nós não sabe ninguém mais na vida hei de saber. O fato é que nunca ouvi brega mais sensato que esse. Quem nasce brega definitivamente morrerá na mesma condição.
Essa discussão surgiu quando o André me recomendava a leitura de alguns blogs de sucesso para que eu pudesse me inspirar e tornar o meu também uma página muito visitada.

Ele: Olha esse blog. Ele é super visitado.
Eu: Tô vendo aqui. É até legalzinho.
Ele: Ele ensina o povo a se vestir e tal.
Eu: Isso não se aprende, André.
Ele: Hã?
Eu: Não se aprende. Nunca ouviu: “Quem nasce brega, sempre morre brega. Nunca vai ser diferente”?
Ele: Já.
Eu: Pois é! Esse tipo de coisa ou você sabe ou você não sabe. O que se faz nesses blogs é ver o que está na moda, mas aprender a se vestir mesmo é bem improvável que aconteça.
Eu: Além disso, não gosto muito desse tipo de blog “mamãe me fez fútil”.
Ele e eu: (risos)

E é isso mesmo, meus caros. Não adianta tentar fingir, fugir. Se você é brega, sempre vai ter aquela ocasião em que a cafonice falará mais alto. Bota um Dolce Gabbana, monta no Giorgio Armani, pega o Calvin Klein, procura a Prada, compra logo o Ralf Lauren, taca Marina de Bourbon ou finaliza com Carolina Herrera. Nada adiantará. Quando começar a tocar os primeiros acordes de uma música do Waldick Soriano o pezinho vai começar a bater. Se passar aquele croquete na bandeja e boca começar a salivar, você já sabe: “Quem nasce brega, sempre morre brega. Nunca vai ser diferente”. Afinal de contas, você acha mesmo que a Ana Maria Braga um dia vai se vestir como gente?

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Thamirys D'Eça

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A puta que não me pariu terá visita

Eu não tenho mais paciência para aturar certas coisas desta vida. Em pensar que ela já foi tão pacata e eu nem sabia. Eu ainda reclamava. Pobre de mim. Não sabia que um dia ela acabaria. E acabou mesmo. Cheguei ao limite. Minha paciência foi-se para a puta que não me pariu. Agora, nêgo, é assim. Não procura pau que ele te acha. Aliás, acha fácil, fácil.
Este meu coração que antes acelerava de altivez, agora descompassa abusivamente e negativamente. Isto me incomoda. Queria apenas juntar todas as minhas impaciências e apresentar-lhes a puta que não me pariu e por lá deixá-las. Afinal, a puta que não me pariu é sempre ótima companhia nas noites em que tudo que você menos espera é extinguir a paciência.
Ninguém pode dizer que não tentei. Busquei insistentemente algum resquício de o que quer que tenha de paciência em mim, mas a maldita foi-se de vez. Não deu tchau, não disse quando volta e nem se volta. Não me deu um beijinho de despedida e nem nada. Depois de todos esses anos zelando para que ela nunca acabasse agora ela foi embora.
Já perdi a paciência várias vezes. Sabe, às vezes é até bom perdê-la por entre as coisas. O fato é que não a perdi dessa vez. Ela esgotou. O bom é que agora a paciência não é mais problema meu. A puta que não me pariu a terá como visitante permanente.

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Thamirys D'Eça

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Meu beijo no Chico Buarque

Não morram de inveja, moças. Eu não tasquei um beijo no Chico Buarque. Ele para mim é que nem caviar para o Zeca Pagodinho: Nunca vi, nem comi, eu só ouço falar. É certo que muitas mulheres queriam vê-lo, comê-lo e dizer para todo mundo, mas eu, aos 7 ou 8 anos, queria apenas lhe dar um “selinho”. Será que era pedir muito?
Já um pouco mais velha, fiquei imaginando como cargas d’água a Marieta Severo largou o cara ao vento. Pensava: Como diabos essa mulher conseguiu acordar no dia seguinte sem olhar aqueles olhos verdes e ouvir um bom dia dele em seguida?
Hoje, lamento apenas nunca ter ido a um show seu. Gosto de sua voz, das suas músicas, das suas composições, do seu jeito de cantar, gesticular e sorrir. Não sei se é por isso que já quis beijar-lhe ou ocupar o lugar da Marieta. O que sei é que Chico atualmente me faz sentir assim: Mulher bem entendida e bem resolvida.

"Quando talvez precisar de mim
Cê sabe que a casa é sempre sua, venha sim..."
(Olhos nos Olhos - Chico Buarque)
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Thamirys D'Eça

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Trânsito? Ai, gozei!

Sabe aquele trânsito gostoso que você pega todo dia na Jerônimo de Albuquerque? Lembra daquele engarrafamento prazeroso na Holandeses de todas as manhãs? Recorda das horas que você passou na Avenida dos Franceses doido para ir embora e não conseguia porque existia uma fila de carros na sua frente? E aquela vez que você gozou de tanta felicidade por não poder ir nem para frente e nem para trás na Avenida Guajajaras? Na Colares Moreira tenho certeza que já vi você sapateando no asfalto quente quando queria almoçar com o namorado, mas parte dos 231 mil veículos de São Luís estavam querendo, naquele horário, ir à algum lugar também.
Pois saiba que eu descobri o que acabou com seu sonho de ir ao churrasco do vizinho comer toda a carne e o trânsito de São Luís não deixou. Quando você lá chegou, só restaram os ossos e os bêbados caídos. Sabe o que destruiu com horas da sua vida, te causou stress e fez você levar esculhambação da esposa por ter chegado tarde em casa? Eu lhe digo, caro leitor: Mil cento e trinta e um semáforos espalhados em São Luís.
Não, eu não estou ficando doida e muito menos saí conferindo quantos semáforos têm nas ruas e avenidas da capital. São dados da Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (Smtt) e é certo que foi um custo consegui-los – enviei oito e-mails e passei quase três semanas a espera da resposta da assessoria -, mas é isso mesmo.
Acha exagero o número? Pois é você e a torcida do Flamengo. Quer saber quem são alguns dos torcedores? Leia abaixo:

Motoristas reclamam do excesso de semáforos; são 1.131 em São Luís
Thamirys D'Eça
Da equipe de O Estado

Conforme dados da Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT), São Luís tem hoje 1.131 semáforos, 678 exclusivos para veículos sem transtempo - cronômetros que indicam em quantos segundos o sinal permanecerá aberto para tráfego -, 151 acompanhados de transtempo e 302 dedicados a pedestres. O número é apontado por motoristas como excessivo e causador da lentidão do tráfego.
A Avenida Jerônimo de Albuquerque é apontada pelos motoristas como a via mais conturbada de São Luís e também a que mais tem semáforos. "Acho que é a mais lenta porque é a que tem mais sinais. É um sinal em cima do outro. O trânsito fica lento durante todo o dia e tem horários em que fica intrafegável", afirmou a condutora Tânia Santos.
Para a motorista Ana Rodrigues, o número representa a inaplicabilidade do sistema de trânsito de São Luís. "Tem semáforo onde não é para ter e não tem onde é necessário. Não existe bom senso por parte da Prefeitura. Falta organização para ver as necessidades dos motoristas e até inteligência para ver que muitos semáforos não resolvem o problema", criticou.
A quantidade de semáforos não surpreendeu o motorista Ananias Santos, que disse já cogitar que na cidade existam mais de mil semáforos. "Já esperava que fosse mais ou menos esse número. Afinal, para todo lugar que se olha tem um semáforo. Isso torna a vida difícil para quem quer se locomover no trânsito. O pior é que todo dia colocam mais", comentou.
Para o condutor André Santos, os mais de mil semáforos refletem a inexperiência da gestão municipal atual. "Acho que esse exagero é falta de experiência, de visão. São Luís não é tão grande para ter tantos sinais. Os responsáveis não sabem lidar com a evolução da frota de carros e saem colocando semáforos em todo lugar", condenou.
O engenheiro pós-graduado em trânsito e transportes Canindé Barros concordou, em parte, com os motoristas. Ele afirmou que o caos diário nas ruas e avenidas de São Luís é provocado pelo aumento da frota de veículos e também por semáforos mal posicionados, mas a situação pode ser contornada se houver planejamento.
Uma das sugestões do engenheiro é a utilização de agentes de trânsito. "Pode-se desligar os semáforos em pontos de grande fluxo e colocar agentes de trânsito durante esse período para controlar o trânsito. Eles coordenarão as necessidades no local", recomendou.
Outra recomendação é a duplicação das vias. "São Luís tem uma frota que cresce a cada dia. Cresceu muito nos últimos tempos e as avenidas não acompanharam. É preciso que haja a duplicação", disse.

Matéria publicada em 18 de julho de 2010 no jornal O Estado do Maranhão

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Um passeio pelas ruas e avenidas de São Luís


Sinalização de São Luís está precária e é alvo de críticas

Thamirys D'Eça

Da equipe de O Estado

Duzentos e trinta e um mil novecentos e cinqüenta e oito veículos em trânsito. Se este dado já é suficiente para transformar uma cidade de vias estreitas em um caos, em São Luís a situação é agravada pela deficiência na sinalização. Faixas de pedestres desgastadas, semáforos sem funcionamento e placas enferrujadas são alguns dos problemas vistos em ruas e avenidas da capital e provocam desconforto a motoristas e pedestres. Para o engenheiro pós-graduado em trânsito e transportes e ex-titular da SMTT, Canindé Barros, os sinais de trânsito inseridos neste cenário são inoperantes.
Em um passeio rápido pelas principais avenidas de São Luís, não é difícil encontrar problemas na sinalização de trânsito. No bairro São Francisco, por exemplo, não há faixa de pedestres, e os semáforos não funcionam na rotatória que liga as avenidas Castelo Branco, Colares Moreira e Ana Jansen. Seguindo pela Avenida Colares Moreira, no período da manhã, mal se consegue ver se o sinal está verde, amarelo ou vermelho, no semáforo localizado em frente ao Planta Tower. Indo em direção à Avenida Jerônimo de Albuquerque, em frente à Assembléia Legislativa, no Cohafuma, uma placa enferrujada indica que a velocidade máxima permitida é de 40 km/h.
Chegando ao bairro Vinhais, em frente à Extrafarma, a faixa de pedestres está apagada. Quem transita no local reclama. "Aqui é péssimo. A faixa praticamente não existe e isso contribui para que os motoristas não parem", reclamou Ana Oliveira.
No Maranhão Novo, na Avenida Daniel de La Touche, em frente à Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT), há outra faixa de pedestres desgastada pelo tempo. Em outro trecho, em frente ao terreno do futuro Shopping da Ilha, outra deixou de existir.
Transitando nas proximidades do elevado Alcione Nazaré, na Ivar Saldanha, três placas indicam que ali deveria existir faixa de pedestre, mas não há nenhuma. "Aqui as pessoas atravessam contando com a sorte", disse Diógenes Ribeiro, que trabalha em uma loja de refrigeração em frente ao elevado.
Seguindo o passeio, na Avenida dos Franceses, em frente ao Departamento de Trânsito do Maranhão (Detran), na Vila Palmeira, além da faixa estar apagada, no semáforo somente o sinal verde está funcionando e no trecho em frente ao Parque do Folclore nenhuma das luzes do semáforo funciona. Em frente ao prédio da Secretaria Municipal de Saúde (Semus), a placa que indica retorno a 50m está enferrujada.
Se o destino for a Avenida Luís Rocha, na Camboa, em frente à J. Serviços Gráficos, os galhos de uma árvore impedem que o motorista veja o semáforo. "Não dá para ver nada daqui", confirmou a condutora Bárbara Rocha.
Sem funcionamento - Voltando pela Cohab, em frente ao Grupo Mônaco, outra faixa de pedestres está apagada. Ainda nesse bairro, próximo ao Supermercado Mateus, 18 semáforos foram colocados há cinco meses, mas nenhum nunca funcionou. "Esses semáforos, sem funcionar, somente atrapalham, pois confundem os motoristas e quem quer atravessar", observou o frentista Francisco Silva. Ali perto, na Avenida 1, atrás do Rio Anil Shopping, mais 10 semáforos nunca foram colocados em funcionamento. Como conseqüência, as quatro placas instaladas no local estão sem serventia.
Mudando de rota para a Avenida dos Holandeses, em frente ao Banco do Brasil Estilo, o cronômetro do semáforo não está reportando os números adequadamente. Por toda a extensão da pista, recapeada no primeiro semestre deste ano, não é vista nenhuma sinalização vertical ou horizontal.
No Centro, no cruzamento da Avenida Cajazeiras com a Rua do Norte, os cronômetros dos semáforos estão descompassados e, encerrando o roteiro, na Rua Antônio Raposo, próximo ao Colégio Educator, no Cutim, área do Anil, existe uma barreira eletrônica com dois identificadores de velocidade que causa confusão. "Essa rua é larga e deveria ter daquelas barreiras com três visores, não dois. Aqui ninguém respeita", comentou o motorista Raimundo das Neves.
Canindé Barros analisa a situação e frisa que a capital carece de um sistema de sinalização eficiente. Ele ressaltou que a situação precária que hoje se instalou é fruto da falta de manutenção, maximizada pela interferência da zona praieira da cidade, que acelera o processo de desgaste.

Mais

O titular da SMTT, Ribamar de Oliveira, informou que o processo de contratação dos serviços de revitalização da sinalização está em andamento. "O investimento inicial será de mais de R$ 1 milhão para revitalizar a sinalização das principais avenidas e também pontos críticos que precisam de uma reformulação", assegurou. Ele reconheceu que a cidade não tem sinalização a contento.

Vandalismo contribui para a precariedade

É visível a precariedade do sistema de sinalização em São Luís. Porém, o vandalismo contribui para a deterioração dos equipamentos. Placas pichadas, quebradas, tortas e até servindo para colar cartazes de publicidade são alguns dos casos mais comuns vistos em ruas e avenidas da capital.
Na Avenida Daniel de La Touche, nas proximidades da loja Ondas Sport Wear, a placa "Motorista, respeite a faixa" está pichada e as hastes tortas. Além disso, a placa está mal posicionada, pois atrapalha o passeio público. "Nunca vieram ajeitar essa placa. E olha que ela já está assim há um ano e meio. Quem quer andar por aqui tem de passar pela rua ou por debaixo da placa", contou o mototaxista Francisco Neto.
Próximo ao Makro, na Avenida Jerônimo de Albuquerque, duas placas foram amassadas. Uma delas indica semáforo próximo e a outra alerta para a velocidade máxima permitida de 40Km/h. "Não dá para ver o que é sinalizado", disse o condutor Anildo Silva.
Outro desrespeito a motoristas é visto na Avenida Colares Moreira, em frente ao China In Box. Um anúncio de telemensagem foi colocado sobre uma placa de sinalização, cobrindo a mensagem. Ainda no Renascença, próximo à empresa TIM, o foco do sinal verde do semáforo foi quebrado. Já na Avenida dos Holandeses, próximo ao Yázigi, um semáforo que auxilia o pedestre na hora de atravessar a via está torto.

Matéria publicada em 18 de julho de 2010 no jornal O Estado do Maranhão

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Disse Deus: ‘Que haja a dor’. E houve a dor

Eu não gosto dela. Não gosto que me acompanhe. Fujo dela com todo custo. É algo alheio à minha vida. A dor de nada serve para mim. Só causa incômodo e vontade de partir para longe. Me desperta o grito, o choro, o dissabor.
Não me venha com a dor, que eu não quero nem saber. Enterre-a. Queima-a. Arraste-a de volta para o esgoto de onde saiu. Deixe-me calma, coberta. Meus pulmões estão cansados, então, apenas massageie-os, dor, e siga o seu rumo, como se nada mais houvesse. Vá para os maus, que por mim você não volta mais.
Não insista em retornar. Se acontecer, não se assuste, porque irei recebê-la como se fosse a primeira visita. Afinal, eu sou menina. Meninas fazem isso e estão acostumadas. Convido-te para sentar e até finjo que gostei de recebê-la. Ofereço vinho e queijo. Conto histórias e convido-te para dormir comigo.
Já que não me larga, pois pelo menos me deixe caminhar. Deixe carregá-la. O peso me é comum. Se realmente acontecer, olharei e repetirei o que já te disse certa vez e o sambista escreveu. “Tire o seu sorriso do caminho que eu quero passar com a minha dor”.
Ela, nem mesmo merece muitas palavras. Sua escrita denuncia sua pequenez. Uma sílaba. Três letras. Não me dedicarei a escrever sobre ela. Restrinjo-me a dizer que a dor me sussurra aos ouvidos, mas eu sou meio surda, sabe? Só peço que não cobre juros depois, querida dor.

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Thamirys D'Eça

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Cala a boca, Magda!

Frase da inesquecível série da Rede Globo “Sai de Baixo”. Marcou minha infância e as noites de domingo após as 22h, quando retornava da igreja – lugar que ia por insistência e quase imposição da minha avó. Comandado por Vavá (Luís Gustavo), Cassandra (Aracy Balabanian), Edileuza (Cláudia Jimenez), Ribamar (Tom Cavalcante) e os meus preferidos Caco Antibes (Miguel Falabella) e Magda (Marisa Orth) o sitcom arrebatou até esta aqui que vos escreve.
Ainda com pouca idade, tinha que dormir cedo porque a tia da escola me esperava às 7h30 na sala de aula. Porém, aos domingos e exclusivamente aos domingos, depois do culto, tudo podia. Se todo mundo espera alguma coisa numa noite de sábado, no meu caso, na época, o aguardado era pelas dominicais.
Contudo, a frase que dá título a esta postagem - proferida durante os episódios pelo personagem do Miguel Falabella, o Caco Antibes - me veio hoje à cabeça. O motivo? Acho que era tanta a necessidade de expressar o meu inconformismo com a falta de silêncio que a resgatei dos confins da terra, assim, do nada e sem pudores de infância.
Querem saber a situação? Sabe quando você não quer ouvir nada, está cansado de tanta besteira que, solta ao vento, gruda na tua roupa e nem Omo Multiação combinado com Vanish remove? Sabe quando você está ansioso, preocupado, esperando um resultado e tudo que você quer é um minutinho de calmaria e não consegue? Sabe quando você sequer ouve os seus pensamentos porque os dos outros estão vagando bem na sua frente? Não dá uma vontade de dizer: “Porra! Cala a boca, Magda!”?
Fiquei tentando mentalizar a frase. Tentei, tentei, tentei. Porém, Magda tava tão ouriçada hoje que nem isso consegui. É nessas horas em que percebo que preciso me policiar mais, afinal, tem dias que devo bancar a Magda também e impedir a foda mental de um punhado de gente.
Então, vai. Tenta isso em casa, no trabalho, na universidade. Cala a boca, Magda! Deixa meus pensamentos gozarem em paz.

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Thamirys D'Eça

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A Copa do Mundo por quem não entende

Não sou conhecedora de futebol. Sei o que é um impedimento, mas na maioria das vezes não consigo identificá-lo. Sei o nome de vários jogadores, mas não sei em que time jogam. Sei bem o nome dos times, mas não sei de que estado ou países são. O que sei é que a Copa do Mundo da África do Sul não passou de um azar.
Muitos jogos empatados, poucos gols, eliminações que tiraram a graça da competição. Que furor tem se a última campeã do mundo - a Itália - saiu ainda na primeira fase? E a adversária que o Brasil nunca deu a revanche - a França - ter sido eliminada após uma campanha desastrosa? Qual empolgação se o maior campeão em copa – o Brasil – não passa nem pelas quartas?
Digam-me o que dá tesão se os craques não fazem gol? Se Kaká só corre? De que adianta se o Messi faz grandes dribles se não chuta para balançar a rede? Tá, o Cristiano Ronaldo fez gol, mas não goleou como todos esperavam. O Robinho pedalou?
Que copa é essa sem o Ballack, sem o Beckham, sem o Zidane? Que copa é essa onde o técnico – o Maradona – atrai atenção mais que o próprio time? Que copa é essa com Espanha e Holanda na final? Que copa é essa que um polvo é exaltado? Que copa é essa que no lugar dos fenomenais gols que arrancam os gritos da platéia só se ouvem vuvuzelas? Que copa é essa em que os passes errados eram justificados pela bola – a Jabulani – e bem aceitos?
Esta copa do mundo teve grandes figuras, mas não reconhecidas por grandes feitos. Foi a copa da merda do Felipe Melo, da “zica” do Mick Jagger, das promessas não cumpridas do Maradona e da Larissa Riquelme. A copa em que o Brasil seguiu a modinha de “CALA BOCA GALVAO”, mas sem deixar de assistir aos jogos na Globo.
Depois da saída do Brasil, onde seria natural que os ânimos esfriassem pelas bandas tupiniquins, restavam ainda a Argentina, a Alemanha. Eliminadas, sendo que a Alemanha beliscou o terceiro lugar, mas sem muito glamour. Todos apostando nos times sul-americanos e o Paraguai e Uruguai não seguiram o rumo. Eliminados.
Na final da copa, entre Espanha e Holanda, um jogo sem muitos chutes a gol, sem muitos lances que encantam o torcedor. Um final morno. Não te refresca nem te queima a língua. Uma final inédita, mas que parecia que não deveria ter acontecido, que não era a hora nem o lugar.
A Copa do Mundo acabou. A Holanda mais uma vez ficou com o vice-campeonato. A Espanha foi campeã. Ela que nunca sequer chegou a uma final, que foi o time com a defesa menos vazada, mas com menor saldo de gols da história, o que a torna o time campeão com pior ataque. Ganhou o time que perdeu na estréia, que é conhecido pelo futebol ofensivo, mas que não o apresentou na copa.
Sabe quando te surge aquele gosto de insatisfação? A prova de que foi uma final de copa sem intenção de ser, foi a eleição do Bola de Ouro, faturado pelo uruguaio Diego Forlán, e a Chuteira de Ouro, titulo dado ao alemão Müller. Nada de espanhol ou holandês na lista. E assim foi a copa do mundo 2010. Sem atrativos. Foi a copa do azar.

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Thamirys D'Eça

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Brasileiro não é patriota. Brasileiro gosta da putaria

Lembro-me quase bem das aulas de silogismos na 8ª série. “Todo homem é bruto. Marcelo é homem. Logo, Marcelo é bruto”. Nesse caso, aplico: “Todo brasileiro gosta de putaria. Thamirys é brasileira. Logo, Thamirys gosta de putaria”.

E gosto mesmo. Adoro. Convide-me para um chopp, uma badalação noturna, um passeio no shopping ou na praia. O que for, farei o possível para estar lá. Me liga, me chama, aceite meus convites de cunho profano feitos a toda hora. Me deixe ser infame como a grande parte da população brasileira que faz de tudo para desfrutar de horas, dias, semanas de total, deliciosa e completa putaria. Vale até virar patriota.
De quatro em quatro anos essa aprazível e gostosa putaria ganha até cor. Verde e amarelo. Nos peitos, nas ruas, nos carros. Tudo cheira a putaria. E que cheiro prazeroso. “Mulher, traz a cerveja que hoje tem jogo do Brasil. Chama a Rê, a Má, o Fê e diz para trazerem todo o resto. Dona Doca já aprontou a farofa e o Jorge vai trazer o pandeiro. Eu cuido do churrasco, bota água no feijão, liga a TV, tira o carro da garagem e ajeita as cadeiras que a putaria vai começar”.
Copa do Mundo não é sinônimo de patriotismo coisa nenhuma. É sinônimo de diversão, pontos facultativos, cerveja, reunião de amigos. É por isso que a Josefina sai da sua casa toda trabalhada nas cores da bandeira do Brasil para a residência de Joelma, a ex-vizinha do lado que agora mora do outro lado da cidade. É por isso que mesmo sem ter grana para pagar a compra feita na Riachuelo no natal passado, a Francisca gasta R$ 40,00 comprando camisas no tema da copa para o marido e filhos. Assim, sem pestanejar.
É isso aí. Quem é funcionário público e não quis para a seleção canarinho passar pela laranja mecânica Holanda para ter mais aquela folguinha na terça-feira? E o estudante que até fez promessa para o Brasil ir pra final e as aulas serem interrompidas até não poder mais? E a população em massa que ficou com raiva quando um dos jogos caiu num domingo e foi desperdiçada a oportunidade de dar aquela desculpinha para uma parada no trabalho plena 11h? Não me venha com charme, porque eu te conheço, carnaval. Não adianta usar máscara. Assume.
Agora que o Brasil voltou para casa cheio de amarguras, a putaria acabou. Não se vê mais camisas nos peitorais e vitrines de lojas, a decoração da rua típica da Copa foi retirada, assim como as bandeirinhas colocadas no carro. Mas 2014 está batendo na porta e mais do que nunca o Brasil será ovacionado por entre os quatro cantos. O melhor país do mundo, o melhor futebol do mundo. Tudo isso porque brasileiro não é patriota, mas adora uma putaria. Só isso.

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Thamirys D'Eça

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