Entre teclas e letras, sobrou o blog

Aprendi a ler e a escrever aos 5 anos e, desde esta idade, tenho acesso ao computador. Minha tia, hoje doutora em Letras, meio enciumada do aparelho de tela colorida atrativa a qualquer criança, privava-me quase sempre de apertar incontroladamente os botões do teclado e fazer acender e apagar as luzes do monitor, que durante a tarde quando o sol estava para se pôr e o quarto começava a ficar escurecido, tornavam-se ainda mais encantadoras. Sempre curiosa e muito intrometida, eu teimava em mexer naquele treco que sabia que era caríssimo. Sabia que pegaria uma bela palmada se alguém descobrisse, mas não me desfiz da idéia.
Depois de ganhar a confiança da tia, passei a ter mais intimidade com o equipamento. Ele, assim como eu, foi evoluindo. Eu crescendo, ele diminuindo de tamanho. Em seguida, titia, por fim, resolveu colocar internet. Ela dizia: “Computador sem internet é corpo sem alma”. Eu, assim como minha irmã, comemorei. Até hoje achamos a internet algo espetacular, por isso, brigas para usar o computador até hoje existem. Aliás, a briga evoluiu verbalmente e agora tem riqueza de adjetivos.
Com cerca de 8 anos, revezei as atenções entre o maravilhoso Super Nintendo, os livros e o computador. Assim seguiu-se. Jogava Super Mario Bros, lia Cora Coralina e mexia no computador. Um dia, porém, já passeando pela adolescência, em uma das inúmeras viagens da minha tia, nosso computador – a essa altura já o tinha como algo tão querido, que o considerava como meu também – foi roubado. Maldito roubo de cargas. Fiquei meses sem ter como usá-lo.
A tia, vendo, diante das suas atividades acadêmicas – que lhe proporcionaram adquirir uma biblioteca de número considerável de livros -, o computador como um parceiro indispensável, comprou outro. Aleluia.
O Super Nintendo já era coisa do passado e, mesmo que quisesse, não poderia mais jogá-lo, afinal, vovó colocou na cabeça que jogos são obra do demônio. Até hoje sou inconformada com isso.
Paralelo aos livros que a tia sempre me recomendara, apareceram, então, outras atividades, como o papos infindáveis do mIRC e ICQ e as publicações de fotos no Flogão. Descobertas várias funções do computador e já tendo conhecimento de alguns enredos de alguns livros, cresci mais um bocadinho. Eis que surge o MSN. Ai, como o adoro. Conversas, conversas, conversas. Como eu amo falar com as pessoas, relatar histórias, lê-las, refutá-las. Comecei a escrever também. Escrevia sempre que estava angustiada. Hoje me pergunto de onde vinha tanta angústia, para uma mocinha tão jovem. Não sei. Só sei que escrevia.
Anos, anos e anos nisso. Lia, escrevia e usava indiscriminadamente o computador. Agora, com meus 22 anos, trabalho como jornalista - um meio onde todo mundo tem um blog - e senti uma necessidade imensa de ter um espaço na internet. Ficava sem entender como alguém como eu, que gosto de computador, de contar história, de escrever e de ler a história alheia, não tenho um blog. Hoje, analisando bem, ponderei: Teimosia, insatisfação, impaciência e indecisão foram os motivos que retardaram de maneira incrível a existência de um blog meu, até agora.
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Thamirys D'Eça

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3 comentários:

André disse...

Mirys, vá lá. Tenho blog desde o início da minha vida na internet. Lá pro início da década. Hahaha. Beijos. DIvirta-se. Blog serve pra isso. Pra lamentar também. Recordo o tão saudoso. Dragão ascendendo aos céus! hahahaha Sempre vício. Escrever foi algo que sempre me acompanhou. Desde criancinha. Vá lá. Faça daqui um bom e divertido lugar, como você é. Beijos, cherrie.

Unknown disse...

tem uma brincadeira para vc no http://curiosidadesdeana.blogspot.com/2010/05/vamos-brincar.html

Thamirys D'Eça disse...

Agradecida, mon chéri. Vou tentar. Espero que não vire um muro de lamentações, como muitos.rs

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