Cadela acompanha chegada de turistas nas ruas de Alcântara

Catita nas ruelas de Alcântara. Foto: Douglas Júnior

Thamirys D´Eça
Enviada Especial

No início da manhã, ela está a postos no Porto do Jacaré, em Alcântara, à espera dos visitantes. Fica à beira-mar e alegra-se ao observar no horizonte a chegada dos barcos. Ao visualizar as figuras estranhas ao seu cotidiano desembarcando em sua cidade, a cadela Catita se aproxima e escolhe um grupo para acompanhar pelas ruelas de pedra. Quem está chegando acha a atitude normal, mas quem é morador do local sabe que foi dado início a mais um “ritual”.
A cadela é muito querida em Alcântara. Alguns a chamam de Catita, mas a maioria a conhece como “a cachorra que acompanha os turistas”. Com aproximadamente 5 anos, conforme se estima no município, Catita mora na rua e para sobreviver depende dos petiscos que ganha.
Por ser muito dócil, é fácil se cativar com seu olhar sereno e dar o resto do bife - sua comida preferida - para vê-la abanar o rabinho.
Segundo Maria do Socorro Macedo, a Batissá, que mora, tem um restaurante e uma pousada na Ladeira do Jacaré - via que dá acesso ao porto -, Catita herdou da mãe, Sâmia, o hábito de acompanhar os turistas na chegada à Alcântara.
“A mãe dela já morreu, mas a filha continuou fazendo o que ela fazia. Quando Sâmia ainda era viva, iam as duas e ela aprendeu”, contou a empresária.
Batissá disse, ainda, que Catita e a mãe pertenciam a uma idosa conhecida por Gregrória, mas após Sâmia falecer, há pouco mais de três anos, a família mudou-se, deixando Catita desamparada. “Quem cria ela somos todos nós. Não deixamos ficar doente. Damos comida. Quem mora por aqui sempre ajuda. Ela é uma cadelinha especial”, afirmou Batissá.
A moradora disse que a esperteza de Catita não é evidente apenas por acompanhar os visitantes. Quando ela fica saciada com os vários quitutes que ganhou durante o dia, os expele para poder comer mais.
“Como Catita acompanha mais de um grupo de turistas e nós ainda damos comida a ela, para não desperdiçar, vomita, que é para poder ter espaço na barriga para comer mais”, explicou Batissá.
Companhia - Outro morador, Adilson Viégas Costa, o Cabeludo, dono de um bar na Praça da Matriz, recebe constantemente a visita de Catita. “Ela sai acompanhando os turistas até onde se hospedarão. Se vão passear, ela vai atrás, mas muitas vezes eles vêm para cá para o bar beber, e ela fica deitadinha esperando eles terminarem, para seguir o mesmo rumo. Quando não tem mais turista chegando ao porto, ela fica rodando a cidade e fica perto de quem não é daqui”, relatou.
A artesã Doralice Santos (Dona Dora), que considera Catita mascote da cidade, disse que para todos os turistas que visitam sua loja, na Ladeira do Jacaré, conta sobre a história da cadela. “As pessoas acham engraçado, gostam. A maioria quando sabe faz carinhos e dá comida e ela”, disse.
Catita acompanha equipe de O Estado. Foto: Douglas Júnior
Nem mesmo a equipe de O Estado escapou aos olhos da cadelinha, que a acompanhou do Porto do Jacaré até a Praça da Matriz. Aos outros visitantes o hábito de Catita também despertou curiosidade.
“Achei muito interessante ela fazer isso. É uma cachorra muito esperta. Percebi que ela estava nos seguindo, mas só depois soube que ela faz isso com quem é de fora da cidade”, observou Fernanda Corrêa, que saiu de São Luís com o namorado para conhecer Alcântara e teve a companhia de Catita durante todo o período do almoço.
Outro que se surpreendeu com a história de Catita foi o turista paraense George Victor de Moraes. Ele foi com esposa e filhos para Alcântara e também recebeu atenção da cadela.
“Minha esposa é daqui e já sabia da história, mas eu e nossas filhas não. Quando elas viram que a cadelinha nos escolheu para seguir elas ficaram muito empolgadas”, destacou o turista.
Matéria publicada na edição do dia 18 de junho de 2011 do jornal O Estado do Maranhão.

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