Trânsito? Ai, gozei!

Sabe aquele trânsito gostoso que você pega todo dia na Jerônimo de Albuquerque? Lembra daquele engarrafamento prazeroso na Holandeses de todas as manhãs? Recorda das horas que você passou na Avenida dos Franceses doido para ir embora e não conseguia porque existia uma fila de carros na sua frente? E aquela vez que você gozou de tanta felicidade por não poder ir nem para frente e nem para trás na Avenida Guajajaras? Na Colares Moreira tenho certeza que já vi você sapateando no asfalto quente quando queria almoçar com o namorado, mas parte dos 231 mil veículos de São Luís estavam querendo, naquele horário, ir à algum lugar também.
Pois saiba que eu descobri o que acabou com seu sonho de ir ao churrasco do vizinho comer toda a carne e o trânsito de São Luís não deixou. Quando você lá chegou, só restaram os ossos e os bêbados caídos. Sabe o que destruiu com horas da sua vida, te causou stress e fez você levar esculhambação da esposa por ter chegado tarde em casa? Eu lhe digo, caro leitor: Mil cento e trinta e um semáforos espalhados em São Luís.
Não, eu não estou ficando doida e muito menos saí conferindo quantos semáforos têm nas ruas e avenidas da capital. São dados da Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (Smtt) e é certo que foi um custo consegui-los – enviei oito e-mails e passei quase três semanas a espera da resposta da assessoria -, mas é isso mesmo.
Acha exagero o número? Pois é você e a torcida do Flamengo. Quer saber quem são alguns dos torcedores? Leia abaixo:

Motoristas reclamam do excesso de semáforos; são 1.131 em São Luís
Thamirys D'Eça
Da equipe de O Estado

Conforme dados da Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT), São Luís tem hoje 1.131 semáforos, 678 exclusivos para veículos sem transtempo - cronômetros que indicam em quantos segundos o sinal permanecerá aberto para tráfego -, 151 acompanhados de transtempo e 302 dedicados a pedestres. O número é apontado por motoristas como excessivo e causador da lentidão do tráfego.
A Avenida Jerônimo de Albuquerque é apontada pelos motoristas como a via mais conturbada de São Luís e também a que mais tem semáforos. "Acho que é a mais lenta porque é a que tem mais sinais. É um sinal em cima do outro. O trânsito fica lento durante todo o dia e tem horários em que fica intrafegável", afirmou a condutora Tânia Santos.
Para a motorista Ana Rodrigues, o número representa a inaplicabilidade do sistema de trânsito de São Luís. "Tem semáforo onde não é para ter e não tem onde é necessário. Não existe bom senso por parte da Prefeitura. Falta organização para ver as necessidades dos motoristas e até inteligência para ver que muitos semáforos não resolvem o problema", criticou.
A quantidade de semáforos não surpreendeu o motorista Ananias Santos, que disse já cogitar que na cidade existam mais de mil semáforos. "Já esperava que fosse mais ou menos esse número. Afinal, para todo lugar que se olha tem um semáforo. Isso torna a vida difícil para quem quer se locomover no trânsito. O pior é que todo dia colocam mais", comentou.
Para o condutor André Santos, os mais de mil semáforos refletem a inexperiência da gestão municipal atual. "Acho que esse exagero é falta de experiência, de visão. São Luís não é tão grande para ter tantos sinais. Os responsáveis não sabem lidar com a evolução da frota de carros e saem colocando semáforos em todo lugar", condenou.
O engenheiro pós-graduado em trânsito e transportes Canindé Barros concordou, em parte, com os motoristas. Ele afirmou que o caos diário nas ruas e avenidas de São Luís é provocado pelo aumento da frota de veículos e também por semáforos mal posicionados, mas a situação pode ser contornada se houver planejamento.
Uma das sugestões do engenheiro é a utilização de agentes de trânsito. "Pode-se desligar os semáforos em pontos de grande fluxo e colocar agentes de trânsito durante esse período para controlar o trânsito. Eles coordenarão as necessidades no local", recomendou.
Outra recomendação é a duplicação das vias. "São Luís tem uma frota que cresce a cada dia. Cresceu muito nos últimos tempos e as avenidas não acompanharam. É preciso que haja a duplicação", disse.

Matéria publicada em 18 de julho de 2010 no jornal O Estado do Maranhão

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