Um passeio pelas ruas e avenidas de São Luís


Sinalização de São Luís está precária e é alvo de críticas

Thamirys D'Eça

Da equipe de O Estado

Duzentos e trinta e um mil novecentos e cinqüenta e oito veículos em trânsito. Se este dado já é suficiente para transformar uma cidade de vias estreitas em um caos, em São Luís a situação é agravada pela deficiência na sinalização. Faixas de pedestres desgastadas, semáforos sem funcionamento e placas enferrujadas são alguns dos problemas vistos em ruas e avenidas da capital e provocam desconforto a motoristas e pedestres. Para o engenheiro pós-graduado em trânsito e transportes e ex-titular da SMTT, Canindé Barros, os sinais de trânsito inseridos neste cenário são inoperantes.
Em um passeio rápido pelas principais avenidas de São Luís, não é difícil encontrar problemas na sinalização de trânsito. No bairro São Francisco, por exemplo, não há faixa de pedestres, e os semáforos não funcionam na rotatória que liga as avenidas Castelo Branco, Colares Moreira e Ana Jansen. Seguindo pela Avenida Colares Moreira, no período da manhã, mal se consegue ver se o sinal está verde, amarelo ou vermelho, no semáforo localizado em frente ao Planta Tower. Indo em direção à Avenida Jerônimo de Albuquerque, em frente à Assembléia Legislativa, no Cohafuma, uma placa enferrujada indica que a velocidade máxima permitida é de 40 km/h.
Chegando ao bairro Vinhais, em frente à Extrafarma, a faixa de pedestres está apagada. Quem transita no local reclama. "Aqui é péssimo. A faixa praticamente não existe e isso contribui para que os motoristas não parem", reclamou Ana Oliveira.
No Maranhão Novo, na Avenida Daniel de La Touche, em frente à Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT), há outra faixa de pedestres desgastada pelo tempo. Em outro trecho, em frente ao terreno do futuro Shopping da Ilha, outra deixou de existir.
Transitando nas proximidades do elevado Alcione Nazaré, na Ivar Saldanha, três placas indicam que ali deveria existir faixa de pedestre, mas não há nenhuma. "Aqui as pessoas atravessam contando com a sorte", disse Diógenes Ribeiro, que trabalha em uma loja de refrigeração em frente ao elevado.
Seguindo o passeio, na Avenida dos Franceses, em frente ao Departamento de Trânsito do Maranhão (Detran), na Vila Palmeira, além da faixa estar apagada, no semáforo somente o sinal verde está funcionando e no trecho em frente ao Parque do Folclore nenhuma das luzes do semáforo funciona. Em frente ao prédio da Secretaria Municipal de Saúde (Semus), a placa que indica retorno a 50m está enferrujada.
Se o destino for a Avenida Luís Rocha, na Camboa, em frente à J. Serviços Gráficos, os galhos de uma árvore impedem que o motorista veja o semáforo. "Não dá para ver nada daqui", confirmou a condutora Bárbara Rocha.
Sem funcionamento - Voltando pela Cohab, em frente ao Grupo Mônaco, outra faixa de pedestres está apagada. Ainda nesse bairro, próximo ao Supermercado Mateus, 18 semáforos foram colocados há cinco meses, mas nenhum nunca funcionou. "Esses semáforos, sem funcionar, somente atrapalham, pois confundem os motoristas e quem quer atravessar", observou o frentista Francisco Silva. Ali perto, na Avenida 1, atrás do Rio Anil Shopping, mais 10 semáforos nunca foram colocados em funcionamento. Como conseqüência, as quatro placas instaladas no local estão sem serventia.
Mudando de rota para a Avenida dos Holandeses, em frente ao Banco do Brasil Estilo, o cronômetro do semáforo não está reportando os números adequadamente. Por toda a extensão da pista, recapeada no primeiro semestre deste ano, não é vista nenhuma sinalização vertical ou horizontal.
No Centro, no cruzamento da Avenida Cajazeiras com a Rua do Norte, os cronômetros dos semáforos estão descompassados e, encerrando o roteiro, na Rua Antônio Raposo, próximo ao Colégio Educator, no Cutim, área do Anil, existe uma barreira eletrônica com dois identificadores de velocidade que causa confusão. "Essa rua é larga e deveria ter daquelas barreiras com três visores, não dois. Aqui ninguém respeita", comentou o motorista Raimundo das Neves.
Canindé Barros analisa a situação e frisa que a capital carece de um sistema de sinalização eficiente. Ele ressaltou que a situação precária que hoje se instalou é fruto da falta de manutenção, maximizada pela interferência da zona praieira da cidade, que acelera o processo de desgaste.

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O titular da SMTT, Ribamar de Oliveira, informou que o processo de contratação dos serviços de revitalização da sinalização está em andamento. "O investimento inicial será de mais de R$ 1 milhão para revitalizar a sinalização das principais avenidas e também pontos críticos que precisam de uma reformulação", assegurou. Ele reconheceu que a cidade não tem sinalização a contento.

Vandalismo contribui para a precariedade

É visível a precariedade do sistema de sinalização em São Luís. Porém, o vandalismo contribui para a deterioração dos equipamentos. Placas pichadas, quebradas, tortas e até servindo para colar cartazes de publicidade são alguns dos casos mais comuns vistos em ruas e avenidas da capital.
Na Avenida Daniel de La Touche, nas proximidades da loja Ondas Sport Wear, a placa "Motorista, respeite a faixa" está pichada e as hastes tortas. Além disso, a placa está mal posicionada, pois atrapalha o passeio público. "Nunca vieram ajeitar essa placa. E olha que ela já está assim há um ano e meio. Quem quer andar por aqui tem de passar pela rua ou por debaixo da placa", contou o mototaxista Francisco Neto.
Próximo ao Makro, na Avenida Jerônimo de Albuquerque, duas placas foram amassadas. Uma delas indica semáforo próximo e a outra alerta para a velocidade máxima permitida de 40Km/h. "Não dá para ver o que é sinalizado", disse o condutor Anildo Silva.
Outro desrespeito a motoristas é visto na Avenida Colares Moreira, em frente ao China In Box. Um anúncio de telemensagem foi colocado sobre uma placa de sinalização, cobrindo a mensagem. Ainda no Renascença, próximo à empresa TIM, o foco do sinal verde do semáforo foi quebrado. Já na Avenida dos Holandeses, próximo ao Yázigi, um semáforo que auxilia o pedestre na hora de atravessar a via está torto.

Matéria publicada em 18 de julho de 2010 no jornal O Estado do Maranhão

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