A puta que não me pariu terá visita

Eu não tenho mais paciência para aturar certas coisas desta vida. Em pensar que ela já foi tão pacata e eu nem sabia. Eu ainda reclamava. Pobre de mim. Não sabia que um dia ela acabaria. E acabou mesmo. Cheguei ao limite. Minha paciência foi-se para a puta que não me pariu. Agora, nêgo, é assim. Não procura pau que ele te acha. Aliás, acha fácil, fácil.
Este meu coração que antes acelerava de altivez, agora descompassa abusivamente e negativamente. Isto me incomoda. Queria apenas juntar todas as minhas impaciências e apresentar-lhes a puta que não me pariu e por lá deixá-las. Afinal, a puta que não me pariu é sempre ótima companhia nas noites em que tudo que você menos espera é extinguir a paciência.
Ninguém pode dizer que não tentei. Busquei insistentemente algum resquício de o que quer que tenha de paciência em mim, mas a maldita foi-se de vez. Não deu tchau, não disse quando volta e nem se volta. Não me deu um beijinho de despedida e nem nada. Depois de todos esses anos zelando para que ela nunca acabasse agora ela foi embora.
Já perdi a paciência várias vezes. Sabe, às vezes é até bom perdê-la por entre as coisas. O fato é que não a perdi dessa vez. Ela esgotou. O bom é que agora a paciência não é mais problema meu. A puta que não me pariu a terá como visitante permanente.

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Thamirys D'Eça

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